Caminho dos Lençois – Dia 1

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Category : Diário

No dia 31 de Abril eu preparei minha saída de Teresina, tive que pegar um ônibus para voltar pra Parnaíba, e deixar o plano de seguir por Esperantina, conhecer a cachoeira do urubu e outras cidades do interior do Piauí, pois tive conhecimento que Argus, do projeto pedalando e educando estava pelo nordeste. Eu entrei em contato e combinamos de viajar um trecho juntos, então tinha que estar lá no dia 01 de abril.

Despedi-me de Teresina, onde fiquei quase um mês, a cidade mais quente do Brasil até agora. Acostumar-se com o calor é muito difícil, inclusive para os Teresinenses, e olhe que eu não estava no tal período denominado de “BR ó BRO”, que são os meses que possuem a tal terminação, setembro, outubro e novembro, este é o período de clima quente, seco e de temperaturas elevadas. Confesso que tenho até medo desta época, mas agora sigo adiante e volto para o litoral, onde a brisa marítima chega e refresca o ambiente.

Durante a viagem tenho vivido diversas situações e a que senti mais claramente são as climáticas, por enquanto são situações de extremo calor devido ao verão e a região nordeste que aos poucos vou me afastando.

Lembranças

Deixo abraços e agradecimentos para Diego Pearce, Ricardo, Nayane Franquilin, Caliane Nery e família pelo apoio, Paula Fortes, Justine e Juscelino, Aracele Torres, Philipe, Marina, Francisco, o pessoal do Pedal Noturno, a Raquel Carvalho por todas as informações sobre a infraestrutura cicloviária da cidade, ao pessoal do Nós Podemos Piauí, e a Disraeli Rocha.

Nova Etapa

Agora começa mais uma nova etapa, saio de Parnaíba em direção ao Maranhão, dessa vez acompanhado por Leandro, que fará sua primeira cicloviagem e Argus Caruso, do Pedalando e Educando. Pegamos um trecho alternativo com estrada de terra, bem agradável e divertido pelas poças de lama formada pelas chuvas, são obstáculos imprevisíveis por não sabermos sua profundidade então as vezes atolávamos as bicicletas e os pés na lama.

Assim chegamos a fronteira do Piauí e do Maranhão, de imediato já notamos a precariedade do estado. A cidade na fronteira não possui água encanada, tão pouco apoio para nós compramos comida, só encontramos uma vendinha bem simples, compramos um bolo para prorrogarmos a fome do almoço. Nesse meio tempo uma senhora, aparentando ter 70 anos, apareceu e reforçou a falta de infraestrutura do lugar, Argus replicou que todos tem culpa por esta situação, por suas decisões nas eleições. O estado do Maranhão foi governado por José Sarney por 4 anos que pouco contribuiu para o desenvolvimento do estado, principalmente na Educação foi onde percebemos a maior deficiência. Sarney iniciou sua carreira política como suplente de deputado federal em 1950, sendo convocado posteriormente, após isso, foi senador, presidente e voltou ao senado, onde possui cargo até o final de 2010.

Nossa Política

Isso me faz refletir bastante sobre nossa política, que parece mais uma profissão no país, na qual quase todos vêem como uma oportunidade para fazer seu “pé de meia”. José Sarney está completando 50 anos em cargo público, sendo o mais antigo parlamentar no congresso, vivendo do nosso dinheiro, contribuindo pouquíssimo na qualidade social, e ainda pior, mostrando que a justiça eleitoral não tem a moral de punir suas ações escandalizadas no ano passado. Utiliza a mídia em beneficio próprio e elegeu sua filha, Roseana Sarney, a governadora do estado do Maranhão.

Segundo a Veja, “o resultado desse domínio é visível a olho nu: a família Sarney está milionária, mas o Maranhão lidera o ranking brasileiro de subdesenvolvimento.” Infelizmente, eu constatei esta triste realidade. É preciso encarar as eleições com muita seriedade, deixar de vê-la como uma competição, na qual se vota no candidato mais popular e que está na frente das pesquisas. Canso de ouvir das pessoas frases do tipo “mas ele(a) não vai ganhar mesmo”, se continuarmos pensando dessa forma quem perderá seremos nós. Outra ilusão é quando se vota em um candidato visando o beneficio próprio. Quem vota pensando desta maneira, na realidade só está beneficiando o candidato. Devemos pensar que o melhor beneficio próprio que poderíamos receber é aquele que beneficia a todos. Pois, se toda a comunidade melhora, consequentemente, cada um terá o seu próprio benefício. Se irá melhorar para todos, também irá melhorar para você! As eleições estão chegando e a responsabilidade está em nossas mãos!

Após o almoço seguimos pela estrada, e como era de se esperar, em péssimo estado de conservação até a cidade de Cana brava, lá ficamos com a família de Leandro, na casa de sua tia Gorete. Conhecemos o Rio Magu, muito belo e que ainda não foi contaminado pela poluição.

Saldo do dia: 80 quilometros de muito aprendizado e reflexão.

Pólo Cerâmico do Poty Velho – Teresina – PI

Category : Cultura, Diário

Vou abrir um parênteses aqui para falar um pouco sobre o Artesanato Cerâmico do Poty Velho, que ouvi falar através da minha amiga Raquel, teresinense, colega de profissão e também simpatizante da bicicleta como meio de transporte. Em primeiro momento até imaginava o que iria encontrar, pois estou acostumado a ver peças cerâmicas, em sua maioria, com forma de bichos, plantas e outras coisas que eu considero pouco criativas, não representa a cultura local no aspecto da imagem e é fácil de ver por todo o nordeste, as vezes mudando somente o nome da cidade.

Enfim, voltando ao que interessa, em um belo dia fui para o tão falado e bonito encontro dos rios Poti e Parnaíba e na volta, já começava a ver as cerâmicas expostas na frente de pequenas casas, do tipo que descrevi acima, a medida que fui chegando no Pólo Cerâmico aumentavam a quantidade, até que ao passar pela frente eu reparei em umas mandalas de cerâmica muito bonita, algumas com desenhos rupestres, representando o estado do Piauí e mais especificamente a cidade de São Raimundo Nonato, local onde foram encontrado o mais antigo resquício do homem na América do sul.

Esse tipo de cerâmica tinham somente em 3, ou talvez 4 lojas do pólo, fiquei bastante impressionado com a qualidade do acabamento das peças, por ser Arquiteto e conhecer o ramo da decoração, de imediato reconheci o valor daquele trabalho, cerâmicas de alta qualidade e ao mesmo tempo que são finas não perdem o toque de rusticidade. São ótimas e combinam praticamente com todos os ambientes, seja ele residencial ou comercial.

O Pólo Cerâmico do Poty Velho fica na Rua Desembargador Flávio Furtado, próximo ao Parque Encontro dos Rios, no Bairro Poty Velho, zona norte de Teresina – PI.

Mais informações sobre o pólo e vendas de artesanato podem ser conseguidas através do telefone (86) 3213 7573.

Ciclomobilidade Teresina

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Category : Ciclomobilidade, Diário

Capital Brasileira das bicicletas, Teresina faz jus ao seu título, com inúmeros ciclistas circulando todos dias, principalmente nos horários de pico. Com aproximadamente 50km de ciclovias entra num patamar interessante no cenário Brasileiro. O grande perfil dos ciclistas Teresinenses ainda são os operários da construção civil e pessoas autônomas, porém, diferencia-se das demais capitais pelo número de mulheres e adolescentes pedalando no dia a dia.

É de se impressionar quando se vê pelotões de 10 a 15 ciclistas indo para o trabalho ou voltando para suas casas, é ainda maior essa emoção na ponte João Luis Ferreira, popularmente conhecida como Ponte Metálica. Dezenas e mais dezenas de ciclistas circulando a todo minuto, homens e mulheres das variadas idades.

Apesar desse panorama, a cidade ainda não oferece um nível de qualidade interessante para valorizar os atuais ciclistas e cativar alguns potenciais. As ciclovias da cidade, infelizmente não estão em bom estado de conservação, mas suas melhorias são simples e de baixo custo, basta o interesse do poder público e a vontade dos seus moradores.

Dia 3 | Parnaíba – Teresina

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Category : Diário

05/03/2010 – Chegou o último dia da viagem para Teresina, acordei as 5:30AM, fiz um lanche rápido com Chagas, me despedi, fizemos uma foto para recordação e fui em busca de um lugar para fazer um café da manhã, por sorte na estrada tinha uma barraquinhas de umas senhoras que vendiam tapioca, perfeito, comi 2 tapiocas com café.

As 6:15AM já estava no pedal, com um humor atípico, sem um pingo de vontade de pedalar, acho que porque na noite anterior dormi meio mal, muito mosquito (imune a repelente e sentinela) e para variar estava muito calor!. Porém, comecei a pensar positivo sobre o dia, e para ajudar estava um clima muito agradável, uma serração, friozinho, tava ótimo pra pedalar! Ao poucos a endorfina agia em minha mente e tomava meu corpo de emoção, afinal a cada pedalada eu ficava mais próximo ainda de Teresina.

A estrada ainda continuava com acostamento ruim e com pouco movimento. A cidade mais próxima era Campo Maior, a 40km, estava curtindo muito o pedal, muitos pássaros e paisagem agradável, chegando próximo de campo maior existe um pórtico referenciando a Batalha do Jenipapo, eu nunca ouvi falar dessa batalha, acho que matei a aula de história nesse dias, rs. Pesquisando depois na internet, descobri que foi uma batalha da independência do estado do Piaui e também do Brasil.

Às margens do rio Jenipapo, no atual município de Campo Maior, foram palco de uma sangrenta batalha envolvendo os partidários da independência brasileira e a resistência portuguesa que procurava evitá-la. Era 13 de março de 1823. Este confronto pode ser visto como um dos momentos cruciais da adesão da província piauiense ao processo emancipatório brasileiro.

Apesar da independência tem sido oficialmente proclamada a 7 de setembro de 1822, pelo príncipe regente São Paulo, as outras regiões da América portuguesa não havia aderido. Aquele gesto simbolizava apenas a adesão da região Centro-Sul. O processo de independência nas outras áreas implicou em se cruentas batalhas, especialmente no norte, incluindo o nordeste atual. Essa área era alvo de pretensão portuguesa de perpetuar domínios na América.

Neste sentido, a província piauiense assumia uma importância fundamental para o governo português em virtude da sua posição territorial, encravada entre as províncias ocidentais e orientais do norte da América portuguesa. Por conta disto e, sobretudo, devido à expansão dos ideais emancipacionistas, desde 1821 eram enviadas, pelo governo português, quantidades significativas de armamentos e munições bem como havia a nomeação de militares experientes para cuidar desta região. Para essa província fora nomeado João José da Cunha Fidié como governador das armas. Ele era experiente militar, veterano nas guerras napoleônicas.

[…]

Leia o texto completo:
(Fonte: http://culturadopiaui.vilabol.uol.com.br/batjenip.htm Data: 25/03/2010)

Por volta das 8:00AM cheguei em Campo Maior, cantarolando sozinho pela estrada, feliz! E cada vez que entrava mais na cidade me deparava com cenas ainda mais engraçadas e bizarras, como os “açougues” a céu aberto, dilacerando bodes nas “calçadas” da rodovia, aquela cena foi impressionante, veio logo na minha cabeça “cidade maluca” e talvez mais maluco ainda são as pessoas que comem essas carnes! rs.

Em Campo Maior eu tive também que fazer uma parada do Banco para sacar dinheiro, e percorrendo a principal avenida da cidade, a quantidade assustadora de motocicletas tomava as ruas da cidade e também as calçadas, falta muito trabalho de educação por aqui, as minhas impressões da cidades foram lá pra baixo, piorando ainda quando andava na rua e um motorista de carro queria de qualquer jeito passar por mim, não havia o menor espaço para ele, só se fosse voando, e ainda veio brigar comigo, pior de tudo foi para parar no semáforo a 10 metros a frente. “ta com pressa? Vá de bike!”

Nesse momento tudo que eu mais queria eu fugir daquele lugar, sair o mais rápido possível, e foi o que fiz, parando somente para apreciar a beleza dos ninhos de um bando de pássaros recém nascidos, na mata da lagoa ao lado da BR, e mais a frente para comprar uma água gelada e tomar um energético. Após isso, segui viagem e felizmente encontrei o Sr. Francisco Soares Leite, para salvar a pátria, um senhor muito carinhoso, hospitaleiro e sonhador, ficou conversando comigo, fazendo suas pergunta e me desejando bons ventos, foi ótimo, aquilo me deu uma alegria enorme e continuei seguindo viagem.

Por volta das 10:00AM voltou meu desânimo, aquele calor realmente desanimava bastante, eu continuei pedalando até as 11:30AM, até quando encontrei um restaurante na beira da estrada para almoçar e descansar até as 2:00PM, lá tinha umas redes e deu pra dormir bastante, foi ótimo, quando acordei já estava com outro humor, estava faltando apenar 50km para chegar em Teresina.

Voltando ao pedal, as 2:10PM, peguei duas ladeiras consideráveis, como também, duas belas decidas, pedalava muito forte, querendo chegar logo em Teresina, esse trecho da estrada é muito bonito, com uma vegetação bem abundante com variados tipos de árvores. Mais próximo de Teresina começa a aparecer várias chácaras, na falta de praia, os sítios são o refúgio dos finais de semana! rs. As 4:40PM chego no pórtico da cidade, estava muito feliz, pois foi um caminho muito difícil pelo calor que estava esses dias. Ao entrar na cidade já percebo a quantidade de ciclistas que possui, sigo em direção para casa de Diego e assim termina esse roteiro.