Bem Vindo Amazônia

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22/05/2010 – Batizada com o mesmo nome de uma cidade de Portugal, Santarém do Pará é também conhecida como a “Pérola do Tapajó”, pequena e simpática foi também palco do ciclo da borracha e é a segunda maior cidade do estado. Sua estrutura me assustou um pouco pelo número de motocicletas existentes, a cidade é movida por duas rodas motorizadas, com um número de mulheres bastante expressivo na direção, progresso? Até onde?

Santarém se deve especialmente por uma pessoa, Juliane, integrante do dez por horas, foi quem me ofereceu suporte e um calor familiar, sua mãe Julia, irmão Carlinhos e seu pai João me abraçaram e confortaram a minha saudade de casa, são momentos essenciais na minha vida nômade. Existem também duas pessoas que não pode esquecer, Eliene e Endriny, cunhada e sobrinha de Juliane, foram figuras de muitas risadas e brincadeiras especialmente pela ilustre Endriny e sua fase dos “porquês” que me lembra minha sobrinha que cada dia cresce mais.

Depois de alguns dias segui para a famosa Alter do Chão, conhecida como o “caribe brasileiro”, todos me falavam que deveria conhecer, o mais engraçado foi acostumar com a idéia de “praia” – como assim? Não é um rio? – Sim, praia de rio! – pra mim, praia é de água salgada e geralmente tem onda. – as diferenças culturais vão se tornando cada vez mais forte.

Na estrada, a 5km de Alter do chão, paro para observar uma aula bem diferente e em um ambiente inusitado, do qual não estou acostumado, no meio da floresta e embaixo de uma palhoça, posteriormente fiquei sabendo que ali funciona a escola da selva onde é dada aulas de conscientização do meio ambiente. Enquanto observava e escutava atentamente as palavras do professor, um ciclo viajante vem subindo a ladeira e se aproximando, era o Flipper – aparentando ter mais de 40 anos, tinha sua pele bastante queimada do sol e não parecia se preocupar ou se proteger dele, sua bicicleta marrom da cor do barro e ferrugem que a encobria parecia muito mal tratada e não via a um bom tempo uma revisão, mas uma coisa era certa e evidente, o Flipper encontrou na bicicleta a liberdade e felicidade, além de não parecer que ia parar tão cedo de viajar sobre duas rodas, ele me contou que estava viajando a 6 anos já e conhecia boa parte do Brasil e alguns países da América do sul, nos despedimos e aprendo a lição de força de vontade de um guerreiro.

Logo que cheguei, fui direto para a praia, de rio, ficar flutuando no tapajós enquanto dava a hora de fazer o bate papo com a criançada do ponto de cultura, uma escola muito legal que ensina muito para as crianças sobre meio ambiente e a sua preservação, afinal de contas a região é extremamente propícia, a rica Amazônia sofre constantemente com o desmatamento e exploração insustentável de seus recursos.

A pequena cidade de Alter do Chão é muito simpática, bastante simples, de pessoas acolhedoras e com uma beleza natural exuberante, tendo o rio tapajós como o seu principal protagonista – a bacia de rio da a forma sinuosa da paisagem e torna as águas calmas, refletindo em sua superfície a beleza da natureza – os pequenos barcos de pescadores compões não só a cultura local mas refletem a simplicidade de viver do rio – o calçadão com os desenhos do muiraquitã remetem a cultura amazônica, dos nossos índios, este é um símbolo do Amazonas, sentir esses lugares é sentir um Brasil diferente de tudo, uma cultura riquíssima que da aquela inveja boa!

“Conforme o livro Macunaíma, de Mário de Andrade, as índias icamiabas, mulheres guerreiras que habitavam o baixo Amazonas, ofertavam o muiraquitã aos índios da tribo mais próxima, os guacaris, depois do acasalamento, na Festa de Iaci, divindade-mãe do muiraquitã. A mística do presente oferecido aos índios visava a encorajar a fidelidade a elas e para que, ao exibirem-no, fossem respeitados, pois presentear um índio com um muiraquitã representava o ato sexual consumado entre uma Icamiaba e um índio. As icamiabas compunham uma sociedade rigorosamente matriarcal e se dessa união nascessem filhos masculinos, estes seriam sacrificados, deixando sobreviver somente os de sexo feminino.” (fonte: pt.wikipedia.org/ data: 20/09/2010)

No dia seguinte parti para a cidade de Belterra, por uma estrada de terra a pouco mais de 30km de Alter do chão, uma das cidades berço da era da borracha, localizada em “… uma planície elevada às margens do Rio Tapajós, coberta por densa floresta. A essa área a companhia Ford chamou de ‘Bela Terra’, que depois passou a ser chamada de ‘Belterra’. A partir daí, o projeto começava a se tornar realidade, e Belterra ficou conhecida como “a cidade americana no coração da Amazônia”.” (fonte: pt.wikipedia.org/ data: 20/09/2010)

A cidade é literalmente uma viagem em uma cultura completamente diferente do Brasil, muito charmosa e cheia de história – de fato parece uma viagem em um antigo filme americano, com as ruas de pedra, casas de madeira e a típica varanda frontal, e até hidrantes na calçada existe. Quem me guiou na cidade foi Mônica e a criançada do Telecentro, o passeio não poderia ser em outro veículo, fomos todos de bicicleta pela cidade, pedalando, brincando, contando histórias e aprendendo uns com os outros.

No dia seguinte tive que retornar para Alter do chão e depois para Santarém, e infelizmente não consegui chegar até a flona do Tapajós para conhecer as gigantes sumaúmas, uma árvore de tronco largo e que pode chegar até 70 metros de altura, a maior ou uma das maiores da nossa flora, esse é um passeio que definitivamente deve-se fazer.  De volta a Santarém fico mais uns dias e depois sigo para Manaus, novamente de Barco – esses dias foram de muito aprendizado sobre a natureza, história do Brasil e o ciclo da borracha e seus os impactos humanos.

Navegando pelo Amazonas

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Category : Diário

19/05/2010 – Depois da trilha do mangustão ainda tive pouco mais de duas semanas na bela Belém, nesse período fiquei na casa de Ivan Lopes, um irmão e grande amigo que ganhei no Pará, um cara simples e de coração gigante, fico muito agradecido por sua companhia e hospitalidade. Além dele ganhei mais dois casais como amigos, Gustavo e Gabi e Romero e Jô, me proporcionaram noites de muitas risadas, jogando Wii, saindo a noite para conhecer Belém, tudo isso só dificultou ainda mais a minha partida da cidade, eu me apego muito fácil as pessoas e nas despedidas sempre ficam o sentimento de saudade.

Belém foi uma explosão de encontro de boas pessoas, uma cidade em que guardo um carinho enorme e ótimas lembranças sou eternamente grato a Ivan Lopes, Romero, Jô, Gustavo, Gabi, Fábio Talui, Elisa, Murillo, Sérgio, Leon, Suzanne, Carol, Marquinhos, João, Carlinhos, Guilherme, Aninha, Paulinha, Velasco, Gabriel, Cidália, Cidalinha e toda a galera “pai d’égua” do Couch Surfing que conheci.

Era chegada a hora do embarque, com a passagem comprada a poucos dias atrás com um cambista tive a maior dor de cabeça e quase que não consigo embarcar, o bilhete que havia comprado não era para aquele porto e não tinha mais tempo para ir até o outro, já estava em cima da hora, além de que me falaram que a estrada até lá era perigosa. Liguei para o infeliz e ele já não estava mais nas docas, um outro cambista veio falar comigo, ofereci então R$ 20,00 para ele fazer a troca da passagem, já que no guichê não tinha essa possibilidade, a passagem para Santarém no final me custou R$ 120,00 e um aprendizado, nunca compre bilhete com cambista, as vezes você quer ajudar mas só vai ter raiva com tanta desonestidade.

Passada toda a agonia do embarque no navio agora era só relaxar em minha rede e assistir o rio passar na companhia do “Pelos Caminhos de Nuestra América” – livro do Rafael Limaverde, desde Fortaleza que venho carregando ele e não conseguia terminar de ler, mas finalmente esse era o momento perfeito, meus segundo seriam exclusivos para leitura e reflexão da viagem, já são 9 meses fora de casa em uma viagem de bicicleta. A cada página que vou lendo do livro de Rafael consigo me ver em diversos momentos, a cada palavra percebo como pensamos de forma semelhante a respeito de uma viagem de bicicleta.

Viagem dos Sentidos

A bicicleta te dá a possibilidade  de sentir um local mais do que qualquer outro tipo de transporte. Cada local tem um perfume, cheiro de fumo brabo, às vezes a farinha torrando. Algumas vezes é catinga de carniça, outra é o perfume das senhoras na parada de ônibus indo pra missa. Sentir os cheiros do Mundo.

O silencio da bicicleta faz também você ouvir os sons da natureza, das maquinas agrícolas, do choro do menino, das risadas e dos murmurinhos.

O olhar também é mágico. Os 14 segundos  que você passa pedalando pela frente de uma casa à beira da estrada já te dá uma idéia de como eles vivem. Como as constroem, como cozinham,  o que fazem, como trabalham e como descansam. Como as crianças brincam, as brigas, os amores… A pouca velocidade faz você perceber todos esses detalhes e melhor é que não interfere na sua rotina a não ser aqueles poucos segundos que eles param para te olhar. Na verdade, viajar de bicicleta é uma troca de “perceberes”. (Rafael Limaverde)

Dessa forma vão passando as horas, as vezes lendo, as vezes fotografando ou observando as pequenas vilas ribeirinhas de onde saem crianças e mulheres em pequenas canoas e barcos pedindo doação às pessoas – me pergunto sobre o que eles realmente precisam e não consigo achar uma resposta, fato é que é triste ver várias crianças pedindo enquanto na verdade deveriam estar brincando ou estudando – a outra situação são das crianças em uma pequena canoa, remando em sincronia e rapidamente na direção do navio para vender as frutas, são os ambulantes ribeirinhos – quando chegam próximo a lateral, com muita destreza lançam um gancho ao pneu de proteção do navio atracando-se, mais parecem boiadeiros, a velocidade do navio exige uma grande habilidade para evitar a perda do controle da canoa, enquanto um controla a direção dela o outro aos poucos puxa a corda para ancorar-se ao navio, tudo acontece muito rápido, feito isso eles colocam os baldes na cabeça e saem vendendo frutas diversas e camarão seco – deve ter cuidado também com os furtos, qualquer vacilo eles atiram-se junto com as mochilas rio abaixo restando somente a roupa do corpo pois provavelmente o barco não fará nada para recuperar os pertences.

      

A viagem é muito gostosa e poderia ser melhor se o barco tivesse maior qualidade, o sol na Amazônia não alivia e próximo do meio dia o calor é intenso, mesmo na sombra, fato é que o barco não possui nenhuma proteção, esquentando a lataria dele transmitindo o calor para dentro dos ambientes – banho de hora em hora, chego a tomar 6 banhos por dia para aliviar o calor – a comida é extremamente limitada, variedade não existe a opção é uma só – a trilha sonora na verdade é uma tortura aos ouvidos – uma pena esse serviço ser de mal qualidade, pois poderia ser uma forte vertente para o turismo e geração de emprego e renda – o navio que estava a bordo se chamava Rondônia.

Penúltimo dia de viagem, era uma tarde muito quente, eu estava a fotografar as belas paisagens do amazonas quando ouso um grito de socorro dentro do barco, olho para trás, um senhor com seus 81 anos estava desacordado e sua filha desesperada pedia ajuda, corro para tentar ajudar, por 10 segundos me sinto completamente incapaz de fazer alguma coisa, não movia um músculo até quando percebi que tinha que retira-lo para um lugar mais arejado, eu e mais 3 rapazes conseguimos mudá-lo de espaço ele re-acordou e então levamos ele para a enfermaria, infelizmente o Sr. Francisco não resistiu, o barco não possuía os equipamentos necessários para primeiros socorros como também não haviam pessoas capazes da fazer um atendimento de emergência, a única enfermeira presente estava mais perdida do que todo mundo, definitivamente uma fatalidade que poderia ter sido evitada caso o proprietário do navio tivesse o mínimo respeito pelos seus clientes e as fiscalização cobrasse deles.

Chego a Santarém com um sentimento estranho, de questionamento, pensando no sentido da vida, como as vezes deixamos escapá-la e/ou perdemos tempo com coisas supérfluas, guardando rancores antigos e não perdoando aqueles de qual gostamos e temos certa afinidade. A vida é pra ser vivida de forma que nos faça feliz, ajudando sempre o próximo com solidariedade e humildade, respeitando o meio em que vivemos garantindo a sustentabilidade seja ela qual for.

Veja o album completo da viagem aqui.

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Trilha do Mangustão – TopBike Belém

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Category : Diário

02/05/2010 – No meu segundo final de semana em Belém já estava agendada a 1ª trilha da Topbike, a da Ilha de Marajó havia sido a minha primeira e esta a segunda, eu nunca tive mountain bike, todas as minhas bicicletas eram urbanas, mas estava animado para minha segunda trilha, ainda mais pela oportunidade de conhecer o estado do Pará de uma forma completamente diferente, desbravando literalmente região e belíssimos lugares.

Cedinho estávamos a caminho da região de mosqueiro, iríamos nos encontrar no sítio onde já havia um café da manhã recheado de frutas esperando por nós e depois a Topbike fez o sorteio de acessórios de ciclismo para os inscritos, foram 136 pessoas, dentre elas muitas crianças e mulheres, uma característica inédita para mim.


A região que pedalamos é muito linda, com natureza exuberante, igarapés e muita animação. E apesar do nível de dificuldade ter sido muito alto para a suposta classificação de iniciante, todos chegaram tranqüilos e se divertiram aos montes.

Depois do pedal fomos almoçar e depois conhecer umas nascentes de igarapés de águas cristalinas, a beleza do lugar é impressionante e poucas pessoas a conhecem, somente os nativos e as pessoas que tem sítio nas redondezas. Os igarapés são os grandes atrativos dos paraenses, quando você for a Belém vai ouvir falar muito deles, para quem não sabe, igarapé “são cursos de água amazônicos de primeira ou segunda ordem, braços estreitos de rios ou canais existentes em grande número na bacia amazônica, caracterizados por pouca profundidade, e por correrem quase no interior da mata.” (fonte wikipédia.org)

Bela Belém

Category : Diário

Estupefato inicialmente pelas dimensões de Belém, fiquei ainda mais encantado quando fui adentrando na história e cultura da cidade. “Fundada em 12 de janeiro de 1616 pelo Capitão-mor Francisco Caldeira Castelo Branco, encarregado pela coroa portuguesa de conquistar, ocupar, explorar e proteger a foz do rio Amazonas contra os corsários holandeses e ingleses. Numa península habitada pelos índios Tupinambás, estrategicamente situada na margem direita da foz do rio Guamá, onde este rio deságua na baía do Guajará, foi erguido o Forte do Presépio, marco inicial da cidade. O Forte, em seguida, o colégio e a igreja dos Jesuítas formaram o núcleo original da cidade que, posteriormente, seria denominada de Santa Maria de Belém do Grão-Pará.” (fonte: http://www.achetudoeregiao.com.br/ data: 08/09/2010)

Arquitetura e História

Belém é um espetáculo de arquitetura colonial, com belos casarões, ruas largas e seus majestosos boulevards de mangueiras. Tudo isso fruto da época do ciclo da borracha… que mudou a aparência da cidade. “Os governantes e a elite queriam que Belém fosse cópia de Paris e Londres e reproduzisse esteticamente essas capitais”, diz o historiador Figueiredo. Ruas foram alargadas, surgiram grandes edifícios e Belém ganhou água encanada e luz elétrica. “Com a reforma urbana, hábitos tradicionais foram empurrados para o interior”, afirma.

“Viver em Belém no fim do século 19 era coisa chique. No porto da cidade, atracavam navios abarrotados de queijos franceses, vinhos portugueses, vestidos italianos e serviçais europeus – como as requisitadas costureiras belgas. A cultura fervilhava, com exposições e espetáculos de música lírica. Inspirada no luxo da Belle Époque (a “bela época” que marcou a economia e as artes da França antes da Primeira Guerra), a capital paraense orgulhava-se de apelidos como “Paris Tropical”.” (fonte: http://historia.abril.com.br/ data: 08/09/2010)

Andar pelo centro e bairros adjacentes é uma atividade de grande contemplação e revida do passado, por todos os lados estão os casarões antigos que remetem a história e potencial econômico da cidade, que foi moldada com a idéia de ser grande. Metrópole do norte do país, Belém encanta e não perde em nada para cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, é tão majestosa quanto, e ainda por cima tem os belenenses, carismáticos, hospitaleiros e de sotaque Xxxiado com uso do pronome na segunda pessoa tais como “tu vais?” “tu fostes?”, herança da forte presença dos portugueses na cidade e a tentativa dos nativos copiar a forma como eles falavam, resultando o presente sotaque.



Comidas

Deixando a arquitetura de lado, a cidade de Belém é o paraíso da gastronomia frutívora, além de possuir todas as tradicionais, existe uma imensa variedade de frutas regionais da Amazônia, para um apaixonado como eu era um encanto provar cada fruta que encontrava, das mais estranhas aparências com sabor doce e exótico. Para completar e fazer jus a reputação, todas as frutas viram deliciosos sorvetes, um dos mais gostosos que já provei, destaque para o de açaí e tapioca, bom demais, sem mencionar os doces e trufas de cupuaçu, buriti, açaí e tantos outros.

Esses primeiros contatos nunca paravam, são muitas as coisas que Belém tem, ênfase também para a pizza paraense, que leva camarão e jambu, a mesma folha que é usada no tacacá, eu achei fantástica e não perdia a oportunidade de sempre comer uma outra vez, são muitas as variedades, ir ao Pará é brincar de conhecer todo dia uma coisa nova dentro do próprio Brasil.


Comportamento

Além de tudo isso, o belenense tem uma virtude da qual eu aprecio muito, é o valor à sua cultura e empresas locais, foi um dos únicos lugares do Brasil que encontrei esse tipo de comportamento, em Belém não existe nenhuma rede de supermercado ou shopping de fora, todos são redes do estado e os que já tentaram entrar no mercado não foram pra frente e fecharam as portas, acho que se nós brasileiros fossemos mais assim teríamos uma cultura ainda mais rica, muitas vezes esquecemos o que é nosso e supervalorizamos o que vem de fora, minha viagem pelo Brasil é cada vez mais apaixonante e a cada dia que vou conhecendo seus pequenos detalhes percebo sua enorme riqueza e o porque de ser tão valorizada no exterior.

Belém é uma cidade que definitivamente deve-se conhecer, ela consegue agregar uma riqueza arquitetônica, cultural e gastronômica gigantesca. Além disso, ala ainda consegue ter um toque de litoral mesmo sendo na maior parte em função de rios, possui praias próximas, a de algodoal e salinas, que infelizmente não conheci, portanto as propagandas de lá são as melhores e espero conhecê-las em outro momento.



Para finalizar gostaria de fechar com uma reflexão que é característica em todas as cidades brasileiras. Belém tende um crescimento desenfreado e insustentável, as políticas de transporte ainda estão muito mal desenvolvidas e nas regiões metropolitanas a qualidade é extremamente baixa, diferente da região central, possui poucas praças e árvores, as calçadas, mais uma vez, não oferecem condições de acessibilidade o que torna as coisas um tanto caóticas e prejudica diretamente na qualidade de vida da população.

Como toda grande cidade, Belém tem problemas sérios de congestionamentos e o mais impressionante é a diferença climática num passeio a pé pelo centro no final de semana e em um dia de útil de trabalho, o calor provocado pelos automóveis é gritante, devido as vias no centro possuir árvores com grandes copas acaba provocando uma estufa nas ruas, aumentando consideravelmente a temperatura ambiente. Eu sempre me pergunto, e provoco essa reflexão em vocês, para onde estamos crescendo, isso significa progresso, desenvolvimento? Não sei, mas percebo coisas erradas e a persistência no erro, a “masturbação” eleitoral está de volta, sempre fico triste nessa época, toda mudança transmite medo, mas é necessária, como o simples deixar o carro na garagem algumas vezes na semana.

Ilha de Marajó

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23/04/2010 – Sexta-feira dia da partida de Primavera, o plano era seguir até Salinópolis, conhecer uma das praias do estado do Pará, porém eu tinha combinado com o pessoal do EART – Equipe de Aventura Ratos de Trilha que iria com eles no sábado, dia 24, para Ilha de Marajó fazer uma trilha de bicicleta, era uma oportunidade para conhecer a maior ilha fluvial do mundo acompanhado de boas companhias. A viagem à praia de Salinas foi abortada, portanto tinha que pedalar até a cidade de Santa Luzia, na metade do caminho, o bom foi fazer esse trecho na boa companhia de Evandro e Lu, chegada a hora nos separamos e me despedi também de Argus, a viagem com sua companhia iria acabar nesse momento e cada um seguiria seu caminho.

Próximo a capital do Pará, nas cidades vizinhas, percebe-se inúmeros estabelecimentos comerciais na BR, cidades grande e de alto poder econômico. Em Belém essas dimensões são ainda maiores, ao contrário do que pensava, não imaginava que a cidade era tão grande, eu nunca tinha pisado na região norte do país, o que tornavam as impressões nada palpáveis. No ônibus eu estava com a cara na janela observando tudo que se passava, parecia mais aquelas pessoas que moram naqueles interiores brabo e nunca foram a cidade grande, essa viagem tem me proporcionado um conhecimento sobre o Brasil fascinante, como nosso país é rico e mal aproveitado.

Desço na rodoviária, ligo para Sérgio que iria me receber na cidade e sigo em direção a Top Bike Belém, lá já conheço um monte de gente boa, Marquinhos, Suzanne, Carol, João o próprio Sérgio e posteriormente Leon, são a família Top Bike que me aturaram por um tempão e me deram muito apoio só não queriam me deixar ir embora, disseram que o mundo acabava em Belém e que eu deveria ficar por lá mesmo, rs. Dica: se for a Belém, não deixe de ir a Top Bike loja de alto nível de qualidade, difícil de se encontrar na região norte, ainda mais com o ótimo padrão de atendimento.

Da Top Bike fui para casa de Sérgio, foi lá que fiquei nos meus primeiros dias de Belém e onde também tive uma segunda mãe irmã e irmão, dona Cidália, Cidalinha e Gabriel, foram outras pessoas importantes na minha estada na capital do Pará e que significam muito para um cicloturista, pois ficamos muito tempo longe de casa, do conforto dos pais e do lar.

 
  
 

No dia seguinte era o dia da Trilha do Marajó, estava bastante ansioso, pegamos a balsa em Icoracir, distrito de Belém, custa R$ 21,00 e leva 4:00h de viagem, existe também a opção de pegar um barco no porto, próximo ao centro da cidade e a viagem é um pouco mais rápida.

A viagem foi de muita conversa e um tanto desconfortável, pois não oferece qualidade no serviço, fiquei em pé praticamente toda a viagem até o momento em que decidi deitar no chão mesmo para poder descansar. Na ilha uma galera já estava por lá, éramos algo em torno de 50 pessoas, foi emocionante, o Fábio Talui, pessoa que intermediou todo o contato com a galera até mencionou a minha presença como se fosse especial, rs, fiquei bastante lisonjeado e um tanto sem graça, na minha cabeça as vezes não cai a ficha de que eu estou pretendendo dar uma volta no mundo de bicicleta.

  
 
 

A trilha na ilha foi muito bacana, com belas paisagens, comunidade simples e muito simpática. Conheci a ilha por um ponto de vista completamente diferente, passeando por dentro de fazendas, percorrendo caminhos por dentro da mata, pedalando pela praia e conhecendo pessoas incríveis, definitivamente entrei com pé direito no Pará. Marajó é também famosa pelos búfalos, é impressionante, estão por todos os lados, andando no meio da estrada, no mato, puxando carroça e até a guarda municipal “cavalga” búfalos, preferiria que fossem bicicletas, mas tudo bem, espero que um dia dê-se uma folga para eles.

 

No final da trilha fomos ao hotel para a confraternização, tomar banho de piscina, bater papo, jantar e assistir a belíssima apresentação de Carimbó, dança típica do estado do Pará, da qual os paraenses têm muito orgulho. Para minha sorte os melhores grupos estão na ilha de Marajó e eu pude assisti-la como também pagar mico, no momento que abriram para as pessoas participarem da dança me empurraram para a pista, sem nunca na minha vida ter visto ou aprendido a dançar, parecia um gringo, tudo culpa de Gustavo, rs.


 

Deixo aqui eternos agradecimentos a Talui, Sérgio, Ivan, Carlinhos, Gustavo, Gabi, Romero, Jose, Edson, Marcos, Débora, Andréia, Dulce, Mariana, Marina, Guilherme, Aninha, Paulinha, Nilton, Roni, Marta, Eduardo, Itana, Tisga, a todos que também participam dos movimentos do EART e peço mil desculpas por esquecer o nome de alguns, são muitos os nomes e é muito difícil lembrar depois.