A BR-174 em Vídeo

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Category : Diário

Depois de ler os relatos da viagem de Manaus à Boa Vista via BR-174, confira agora em vídeo como foi a pedalada, as belezas encontradas e as dificuldade do trajeto.

Uma viagem de 780km pedalando pela Floresta Amazônica com transição para o lavrado no estado de Roraima. Foram um total de 9 dias de estrada, somado aos 7 dias que fiquei na cidade de Presidente Figueiredo para conhecer as belezas naturais da região. Ainda na viagem passei por uma grande dificuldade devido ao relevo bastante acidentado que provocou dores no joelho e me obrigou a ficar de repouso na Vila Jundiá por um dia e mais um dia na cidade de Rorainópolis. Confira no vídeo, compartilhe com seus amigos, e não esqueça de cadastrar seu e-mail para receber o diário de pedais.

Gigante Amazônia

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Amazônia, uma palavra que quando se ouve perdem-se as proporções de dimensão e que faz tremer as pernas de emoção e ansiedade, será meu próximo desafio, de Manaus a Boa Vista, pedalar 784 km pela BR 174, um trecho em que ficarei mais tempo na estrada desde que saí do nordeste e com um detalhe, por conta própria e em meio a gigante floresta, a estrada que liga os estados do Amazonas e Roraima tem baixa densidade demográfica existindo somente pequenas cidades já próximo de Boa Vista.

Tendo os estudos do trajeto, a preparação, alimentação reforçada para que não se passasse necessidade de qualquer apoio, por conta disso, mais peso e mais carregada ficará a bicicleta, em torno de 6 kg ainda somado aos 6 litros de água, é extremamente importante levar água suficiente para 2 dias caso algum imprevisto venha ocorrer na estrada e seja necessário fazer um camping selvagem, no final a bicicleta deve ficar com 70 kg. O plano de pedal são de 7 dias, fazendo uma média de 115 km com as paradas em locais estratégicos.

Parada para almoçoSegunda-feira, 19 de julho, manhã de frio, atípica para a capital amazonense, uma frente fria incomum havia passado por todo o Brasil no final de semana anterior, provocando inusitadas baixas nas temperaturas de regiões quentes. Foi assim que sai de Manaus, com um fina garoa que caia das nuvens cinzas que pairavam sob o céu, uma tarefa difícil, o clima feio ao lado do enorme trânsito da capital indústria dificultou muito a vida, o barulho ensurdecedor dos carros, ônibus e caminhões, a poeira que é levantada, a fumaça carregada de CO2 e a baixa visibilidade aumentavam condicionalmente o nível de stress, eu corria para tentar entrar no ritmo dos automóveis e sair logo daquele caos.

Vestido com os óculos escuros para proteger os olhos da sujeira, enxergava pouco, ainda mais difícil pelas gotas de água que agarravam a lente. Em uma tentativa de limpeza e pedalando ao mesmo tempo, perco o equilíbrio da bicicleta quando a roda dianteira entra no desnível da sarjeta – em meio a chuva o asfalto estava com uma fina camada de água tornando-o escorregadio, o pneu fino da bicicleta não permite o atrito necessário, a minha falta de atenção e talvez irresponsabilidade me fazem levar a primeira queda de todos os 10 meses de viagem, apesar da forte pancada nas costelas, felizmente não foi nada grave, alguns minutos para refletir e volto o pedal, a única coisa que me passava na cabeça era sair daquele trânsito e poder respirar o verdadeiro ar amazônico.

25 quilômetros de sofrimento e respirando CO2, finalmente podia pedalar em paz, era o início da BR 174 – a Amazônia que tanto esperava, na paisagem árvores que ascendem aos céus tentando tocá-lo, com uma mistura de tonalidades de verde que define cada espécie – uma fina neblina compunha a copa das árvores e apesar da alta umidade no primeiro dia de pedalada estava com um clima muito agradável.


Pedalar no Amazonas é um verdadeiro encontro com os animais silvestres, especialmente pássaros das mais variadas cores, brilhos, formas e finos cantos, vão de andorinhas, tucanos, araras, gaviões, sejam eles pequenos, médios e/ou grandes, dominando os céus amazônicos, observando tudo de cima, eu os invejo, voar é para mim a maior sensação de liberdade, assistir tudo do alto, sentindo a brisa no rosto e corpo, plainando com toda a suavidade e destreza – viajar de bicicleta é como voar baixo, sentir os espaços a sua volta, perceber cada detalhe, seus cheiros e energia do local, integrando-se ao meio como um só organismo, silenciosamente, denunciado apenar pelo burburinho do pneu atritando no asfalto – a emoção toma conta do corpo, a endorfina que chega ao cérebro provoca sensações de intenso prazer, é uma droga que vicia.

O primeiro dia de pedalada é um longo tobogã, subindo e descendo, as ladeiras estão presentes por todo o caminho, um trecho que exige muito controle psicológico, não pode ter pressa, especialmente nas subidas onde a velocidade cai bruscamente e demanda mais energia do corpo, trabalhar com alto giro da marcha leve algumas vezes da a sensação de não sair do lugar – cada ladeira se transforma em uma conquista, a vista privilegiada do alto permitindo ver o horizonte e o caminho que nos guia, a descida merecida observando o entorno e respirando cadenciadamente para recuperar o fôlego e se preparar para mais uma subida.

A BR 174 não tem acostamento, portanto a segunda-feira de baixo movimento da tranqüilidade a pedalada com exceção das caçambas e automóveis particulares que andam em velocidades desumanas e transpõe um certo medo – o barulho com que eles passam é ensurdecedor e meio ao silêncio da floresta e o cantar dos pássaros.

O primeiro dia chegou ao fim com uma paisagem de grande nevoeiro presente na mata, com o verde esbranquiçado pela alta neblina – cidade das cachoeiras, Presidente Figueiredo, foram longos 136 km com muita subida, no GPS somaram 1500m de ascensão, me rendeu um início de dor no joelho até então nunca existente – Parada obrigatória por uns dias para conhecer as belezas da pequenina e simpática cidade, Cachoeira 4 Elementos, Santuário, Iracema, Natal, bóia cross, flutuação no rio e tree climbing foram os combustíveis para continuar a viagem, o contato com a natureza se tornava cada vez maior, agora sim estava definitivamente na Amazônia e posso sentir a sua magia que encanta os olhos de muitos estrangeiros que a conhecem, quando fala-se em Brasil é difícil não associar a essa gigante.

Uma metrópole no Amazonas

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04/05/2010 – 19/07/2010 – Cheguei em Manaus em plena semana do meio ambiente, as discussões sobre sustentabilidade estavam a tona, mas de fato o que nós e o governo estamos fazendo para reverter os atuais panoramas? Falar em sustentabilidade não deve ser considerada somente nas dimensões MEGA, mas também na MICRO, nas pequenas atitudes do dia a dia, que interferem significativamente no meio ambiente, água, lixo, energia, transporte, alimentação, consumo estão ao nosso alcance de forma bastante simples, porém por comodismo ou talvez preguiça, não tomamos partido para nada, uma atitude um tanto egoísta que deixa o problema para gerações futuras, nossos filhos, netos, bis netos e adiante – Falamos em salvar o planeta, uma frase, em minha opinião, equivocada, o planeta ficará onde está, já a raça humana? Quem garante?

Manaus apesar de estar no centro da Amazônia teve toda sua flora dizimada e a fauna afugentada, é uma selva de pedra no meio da floresta, uma metrópole que produz grande parte dos bens de consumo do Brasil, por outro lado, não produz quase nada quando se fala em frutas ou alimentos, com exceção apenas às pertencentes da região, no mais, é quase tudo importado.

História

A história de Manaus inicia-se entre os anos de 1580 a 1640 com a exploração pelos portugueses no chamado vale amazônico, com eles vieram também a destruição da cultura local e escravização indígena. Após o período inicial de colonização, a capital da Amazônia, assim como Belém – PA, teve no final do século XIX seu apogeu com o ciclo da borracha, com ele vieram também grandes investimentos, “a cidade ganhou o serviço de transporte coletivo de bondes elétricos, telefonia, eletricidade e água encanada, além de um porto flutuante, que passou a receber navios dos mais variados calados e de diversas bandeiras. (fonte: http://wikipedia.org data: 26/10/2010)

O auge do ciclo econômico em Manaus a colocou em um patamar privilegiado no panorama nacional, equivalente ao Rio de Janeiro, a então capital federal. Edifícios como o teatro amazonas simbolizavam o seu potencial para o mundo. Acompanhado dele, surge a primeira universidade do Brasil e também a implementação dos bondes elétricos, sendo a segunda cidade a fazer tal investimento. Com o rápido fim da era da borracha no Amazonas, Manaus entra em decadência rapidamente e somente em 1960, com a implantação da zona franca, que ela volta a se reerguer e ocupa espaço importante na economia brasileira.

Dias em Manaus

Meus dias em Manaus se resumiram em muito trabalho, o site estava bastante desatualizado e definitivamente eu precisava parar para trabalhar. Tudo isso se deu graças a hospitalidade de João Paulo Martins, definitivamente sem a ajuda dele não seria fácil, em sua casa eu encontrei um ambiente que inspirasse produção, basicamente acordava e dormia na frente do computador.

Houveram também outras pessoas importantes nos dias que passei em Manaus, Kayo, também cicloturista, me recebeu em sua casa por alguns dias e me passou todo o roteiro da BR-174, ele pode ser considerado um expert nesse trajeto, já fez 3 viagens pelo Amazonas e Roraima. Era o meu próximo pedal, desbravando a floresta amazônica e sua transição para o lavrado.

Em Manaus existe um grupo que está lutando para que sejam feito investimentos focados no uso da bicicleta como meio de transporte, é o Pedala Manaus, organizador da pedalada ambiental. Frente a ele está o Ricardo Braga, ou como prefere ser chamado, o Saci. Um dia, estávamos conversando e decidimos fazer o I Desafio Intermodal Manaus(assista o vídeo), aproveitando o gancho da Semana de Meio Ambiente, infelizmente não tivemos o apoio da mídia devido a copa do mundo, a programação era exclusivamente sobre futebol e mais uma vez a bicicleta ficou para segundo plano. Apesar de tudo, não impediu que realizássemos e produzíssemos o registro desse grande momento.

Foram pouco mais de dois meses em Manaus, a cidade, na minha opinião, é um caos, mas existem belos lugares para visitar dentre eles o Teatro Amazonas juntamente com o largo São Sebastião lugar que originou a paginação de piso em pedra portuguesa representando o encontro dos rios, Negro e Amazonas, porém foi conhecido e consagrado pelo calçadão de Copacabana. Não deve deixar de ir também ao Bosque da Ciência – INPA, Museu do Seringal – Vila Paraíso, Jardim Botânico, centro da cidade e cidades vizinhas como Novo Airão.

Para saber da programação cultural de Manaus aqui segue algumas dicas de sites.

http://www.bv.am.gov.br/
http://www.culturamazonas.am.gov.br/
http://portalamazonia.globo.com/
http://www.manaus.am.gov.br/
http://portalamazonia.globo.com/
http://www.manausmais.com.br/

O Caminho de Manaus

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02/06/2010 – Quarta-feira, dia da partida de Santarém em busca de mais um estado brasileiro, o décimo, Amazonas, o qual possui a maior parte da floresta amazônica, é dele grande parte da origem do nome Amazônia, uma palavra que o coração pulsa forte ao ouvir-la.

Sem nenhuma noção palpável do que me esperava, seguia lentamente contra a corrente do rio amazonas à Manaus, com um detalhe diferente do trecho Belém – Santarém, o barco que viajava era muito menor e a tripulação parecia triplicada, as redes se intercalavam surpreendentemente, lado a lado formavam uma bonita composição de cores e formas que racionalizavam e aproveitavam ao máximo o espaço – à noite quando todos estavam deitados pareciam mais casulos de lagartas – mover-se bruscamente é perigoso devido ao risco de chutar a cabeça do vizinho e vice-versa.

Ao contrário do dia e do que pensava a noite é fria – da floresta saem ventos frios que gelam a madrugada, sem saco de dormir, o que me salvava era o edredom que carregava comigo, no entanto abaixo de mim, não havia qualquer proteção e os ventos gélidos desconfortavam um tanto à noite – pior ainda era quando as necessidades fisiológicas surgiam, sair da rede além de ser trabalhoso significava abandonar o aconchego caliente do edredom, descer e subir escadas, tarefa difícil.

AmbulantesAssim como o primeiro trecho, a viagem é encantadora, as belezas da floresta surpreendem por sua magnitude, os tons de verdes são infinitos e precisam de atenção para diferenciá-los – o único problema é falta de consciência dos passageiros, mesmo com a grande quantidade de lixeiros pelo barco as pessoas ainda jogam seu lixo no chão, da noite para o dia o barco vira um verdadeiro lixão – pior ainda é quando o lixo é atirado barco afora, destaque para os copos descartáveis, são os principais, me pergunto o que custa “adotar” um copo por toda a viagem – os hábitos são hereditários, crianças e adolescentes seguem os (não) princípios dos pais – em um dos dias da viagem, estava fotografando e também observando um garoto de seus 15 anos tomando refrigerante, já havia flagrado ele jogando copos no rio e esperava que não o fizesse novamente, ilusão a minha, assim que ele arremessa o copo no rio impulsivamente eu dou uma bronca nele, envergonhado o menino abaixa a cabeça e vai pro seu canto se esconder, espero que sirva de lição e nunca mais volte a fazer isso, as cidades e a natureza agradece.

Na viagem eu pude passar pela cidade de Parintins, onde acontece no último fim de semana de Junho o Festival Folclórico de Parintins, uma festa cultural do estado do Amazonas – a beleza dele se dá pela peculiaridade do ritmo chamado de toada acompanhado pelas letras das músicas, que remetem a cultura amazonense, mitos e cultura indígena – além disso a paixão que os amazonenses tem pelo evento é de se encantar e nos dá orgulho de ser brasileiro.

Após dois dias e meio de viagem, Manaus dá as boas vindas, o encontro dos rios Amazonas e Negro anuncia a chegada, outra coisa que não esperava também despertava a atenção e  alerta, uma fumaça cinza acima da cidade, me lembra o céu poluído de São Paulo e outras grandes cidades – havia me iludido pelo nome Amazônia, definitivamente ela não impede que Manaus seja poluída. Desembarcado sigo para casa de Isadora e sua mãe Ivanilde que irão me receber nesses primeiros dias na capital do amazonas.

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Na Estrada #1

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Caros seguidores, o site entrará em pausa agora pelos próximos 10 dias. Nesta segunda-feira, dia 19 de julho, sigo em direção a Boa Vista. Serão aproximadamente 740km pedalando pela Floresta Amazônica com transição para o cerrado nas proximidades do estado de Roraima.


Teatro Amazonas

Saindo de Manaus farei uma parada em Presidente Figueiredo para conhecer as famosas cachoeiras e trilhas da região, a Pousada Nossa Casa irá me receber por lá. Após esses dias sigo em direção ao portão de entrada da reserva Waimiri-Atroari, onde é proibida a circulação pela noite. O terceiro dia inteiro será cruzando toda a reserva, por volta de 126km, dentro dela tem a divisa do estado do Amazonas e Roraima, a parada será em Jundiá. No quarto dia cruzarei a linha do equador, entrando no hemisfério norte pela primeira vez, tentarei chegar até Rorainópolis, uma pedalada puxada de 160km. Quinto dia tentarei chegar o mais próximo da cidade de Caracaraí uma distância de aproximados 155km. Sexto dia pararei em Mucajaí e a depender da animação posso esticar para Boa Vista, mas pretendo fazer esse roteiro em 7 dias para não forçar demais.

Dessa vez a preparação está bem maior no quesito alimento, me preparei bastante e carrego um pouco mais de peso por conta disso, nada que atrapalhe demais. O meu único medo é que minha suspensão não agüente a viagem, ela está com problemas e é a maior preocupação.

Aguarde que em breve terá atualizações com os relatos de Belém, com as trilhas que fiz no Pará com o pessoal da EART e loja Top Bike Belém, tem também a viagem e os dias que passei em Santarém, Alter do Chão e Belterra, Manaus e esta viagem pela Amazônia.