12/11/2009– Em Natal Felippe fez todo um roteiro para essa viagem, nós tínhamos a idéia de mantê-lo para chegar em Canoa Quebrada no final de semana. Mas desde o primeiro dia com os imprevistos não estávamos conseguindo. O planejado para o segundo dia só fizemos em 2, portanto estávamos muito atrasado. A vontade era chegar em Canoa Quebrada hoje, sexta-feira, mas não ia dar de jeito algum. Apesar de tudo, estávamos dispostos a fazer o máximo que nos permitisse, e esse foi o dia que pedalamos mais, inclusive a noite, somando pouco mais de 3 horas, foram 130km totais.
O amanhecer na pousada foi ótimo, tivemos um café da manhã reforçado e gostoso, limpamos as bicicletas e partimos. Tínhamos que chegar em Galinhos pela praia, e lá se foram 26 km de ótima pedalada, a areia era bem dura e deu pra fazer a média de 20 km/h a 27 km/h.
Em Galinhos percebemos que praticamente não tem ruas asfaltadas, o que impede o trânsito de carros que não são traçados e no lugar utilizam charretes. Por um lado é bom porque não tem carro, menos poluição, barulho, trânsito, enfim, os problemas que o carro trás, mas do outro é terrível por se aproveitarem dos cavalos, que queira ou não são maltratados debaixo de sol escaldante.
Dali pegamos o barco e fomos para Guamaré, a travessia durou cerca de 30 min, era pra custar 20 reais, mas negociamos bastante e os barqueiros fizeram por 7,50 cada. Chegando lá, era hora do almoço, então paramos logo em frente ao cais para almoçar uma comida realmente muito boa e barata, ficamos ali até as 13:30 e partimos, dispostos a recuperar o roterio previsto. Macau era a próxima cidade que chegaríamos, 42 km distante. O trajeto era em pista asfaltada, com vento nas costas e quase tudo plano, música para os ouvidos. O único problema foi o sol fortíssimo na cabeça que desgasta bastante.
Antes de ir pra Macau fomos informados que naquele mesmo dia seria a inauguração de uma ponte, que sem ela iríamos percorrer um caminho muito mais longo pra chegar em Porto do Mangue, cidade do outro lado do rio. O caminho foi em meio as salinas, com terra e cascalho grosso. Já quase anoitecendo encontramos alguns trabalhadores que voltavam de bicicleta para casa. Pense nas bicicletas rústicas e o quão rápido esses caras andavam, no escuro ainda por cima. A pedalada foi de uns 40 minutos e “sinistra”! Mas foi divertido, e sem eles estaríamos perdidos, o caminho era um pouco complicado.
Achamos a pista a noite, sorte que estava muito deserto, quase nenhum movimento de carros. Por isso decidimos tentar chegar em Areia Branca, que ficava ainda 50 km. No caminho paramos em Porto do Mangue pra comer, sentado na calçada presenciamos o atropelamento de um cachorro, foi muito triste, mais ainda pela reação das pessoas, como se fosse uma coisa rotineira, algumas delas até falavam coisa do tipo “bem feito”, ainda bem que ele sobreviveu. Eu (Felippe) tirei o cachorro do meio da pista e o coloquei na calçada e felizmente a dona o levou para casa para poder cuidar dele.
Pedalar a noite é tranqüilo quando a pista é tranqüila, é só ter um luz boa e o resto fica divertido, o clima favorece, na ocasião o vento também favorecia, as estrelas são lindas de serem apreciadas e você tem outra visão dos lugares, mesmo que mais limitada pelo fato de não poder encher muito.
Quando chegamos em Ponta do Mel, já estávamos exaustos, tínhamos pedalado 130 km e já era 9 da noite. Minhas pernas (Dan) estavam doendo consideravelmente e o joelho de Felippe também. O jeito foi parar, procurar uma pousada pra se recompor e continuar no dia seguinte. Queríamos muito ter continuado, pois como não deu pra chegar em Canoa Quebrada sexta, tentaríamos pelo menos chegar no sábado. E se parássemos ali, faltariam 160 km mais ou menos, e não daria pra fazer num só dia. Canoa iria ficar pra Domingo mesmo.