Dia de extremos – Saída dos Lençois

1

Category : Diário

18/04/2010 – Na noite anterior comemos e dormirmos no restaurante, foi lá também que conhecemos um nativo da região, guia turístico, que nos informou que fizemos a maior cagada que poderíamos ter feito, ele nos informou que para cruzar os lençóis de onde estávamos tínhamos que vir beirando as dunas, seguindo a trilha das Toyotas, ali sim é possível pedalar até um determinado ponto e depois cortaríamos para a praia, foi só agora que veio me aparecer uma pessoa para me dar tal informação, depois de ter me acabado por completo naquele mangue, mas tudo bem, da próxima vez já sei, e para você que pretende cruzar os lençóis, não vá fazer a mesma coisa que eu, aproveita a dica e a experiência de alguém que passou o maior perrengue! rs

Passado tudo, acordamos em uma bela manhã de domingo, havia chovido na madrugada, então logo cedo esta um clima muito bom, ameno, sai para fotografar e poder apreciar a beleza dos Lençois Maranhenses, eu sentia uma magia sem explicação vinda daquele lugar – uma mistura de paisagens e cores, o mar, um campo de vegetação rasteira bem verde, as vezes cortado pelos igarapés de água doce vinda do infinito de dunas, formada por uma areia clara e moldada pelos suaves ventos e emolduradas com um fundo de mangue – tudo isso podemos dizer que é nosso, é do Brasil essa beleza única em todo o mundo.



Para o café da manhã, 3 tapiocas, 2 água de coco e o bom e velho cafezinho, perfeito, custou um total de R$ 18,00 somado com o jantar do dia anterior. Saímos sem pressa, aproveitamos o descanso até onde podia, era merecido. A partida se deu por volta das 9:00AM, e dessa vez, fomos pelo caminho certo. Apesar de pular aos montes cortando o mato, a trilha das Toyotas não é perfeitamente cicláveis, fato, porém, definitivamente, era mil vezes melhor do que empurrar a bicicleta naquela bendita areia que mais parecia movediça.

Chegamos no pé das dunas, lembrei da outra informação que o guia, que também anda de bike nos deu, com as chuvas a areia das dunas ficam duras e torna possível pedalar nelas, eu já tinha comprovado isso num role que fiz, a partir daí tive a brilhante idéia de subir a duna com a bike e seus 45 kg de excesso de peso, dar uma emoção a toda aquela beleza. Subimos, lá em cima, outra idéia, vamos dar um uso a essa prancha que a muito tempo não vê água, vamos fazer sandboard nos Lençois Maranhenses, em Jericoacoara eu me acabei fazendo.


Tudo pronto, Argus é o primeiro a descer, se prepara, se treme ao ver aquele pipeline de areia, cria coragem, impulsiona a prancha para a descida e vai, a emoção e adrenalina contagia, gritos de alegria se propagam em meio a imensidão de dunas, é muito rápido, no final tem o banho na lagoa de água natural das chuvas, límpida, transparente e fria pelas temperaturas amenas da época das chuvas, gritamos ao montes em estar fazendo tal astúcia, estávamos emocionados foi muito massa!

Chegada a minha vez, estava bem confiante, afinal não era a primeira vez que estava descendo uma duna de areia, me preparo, impulsiono e desço, na metade do caminho, olho pra frente, vejo o bico da prancha, minha mente em milésimos de segundos projeta a imagem de que eu iria embicar na areia, não tinha percebido antes, mas o pé da duna não tem curvatura significante, então impulsivamente e através do instinto do surf, bem ao final da duna me jogo antecipadamente e caio de lado na duna com a superfície rígida de areia molhada.

A pancada foi muito forte, parecia que tinha caído no chão, na hora eu senti que tinha me machucado feio, eu já tinha tomado uma porrada dessas, que acabou me causando 10 dias de hospital e 3 meses de recuperação devido a uma ferida infeccionada que tinha, na hora minha mente pareceu um furacão, pensando na besteira que tinha feito, inocente, aos poucos a dor ia passando, vou me levantando, mancando, só passava pela minha cabeça que a pancada não fosse além daquilo, que não se agravasse como da outra vez, pensava em minha casa, meus pais, mas não podia fazer nada, eu tinha que me virar sozinho e ainda tinha que pedalar aquele trecho de volta, pegar carona, praticamente impossível, estava no meio do nada.

Em dois dias vivi os maiores e opostos sentimentos de toda a viagem, a emoção de estar naquele lugar perfeito, a dor e lembrança de momentos difíceis. Pedalar não era difícil, em contrapartida colocar o pé no chão era um terror, ainda mais quando tive que empurrar a bicicleta na areia fofa, estava calado e ao mesmo tempo ensurdecido pelas vozes em minha cabeça, não parava de pensar, olhava pra frente e pensava em chegar onde tinha que chegar, tinha que ser guerreiro, suportar a dor.

Chegamos de volta a vila, ainda areia fofa, não tinha outro jeito além de empurrar a bicicleta e tentar segurar a onda. Em um bar, compro gelo para colocar na pancada e depois ficamos esperando o barco chegar para ir para barreirinhas, para minha infelicidade na vila não tinha farmácia, sem analgésico para mim, ficamos na frente da casa de Dadinho com os nativos, tentei dormir um pouco para descansar e ia me acostumando com a dor.


O barco chegou as 3:00PM, embarcamos, são 3 horas de viagem até barreirinhas de pura beleza, a viagem é exuberante, consigo relaxar bastante, é uma mistura de paisagem, pareço já estar na Amazônia – a paisagem é composta por uma densa floresta combinada com as dunas de areia, acompanhadas pelo tortuoso rio preguiça, algumas vilas de pescadores e ribeirinhos. Foram fascinantes horas de viagem.

Saio dos lençóis maranhenses e chego em barreirinhas, da tranqüilidade e paz para novamente a cidade movida a óleo diesel, iríamos ficar na casa de uma amiga de Argus, cheguei e fui logo na farmácia, em seguida fomos acomodar nossas coisas para sair para comer, acabamos encontrando coincidentemente Sérgio, que teve que vir fazer compras na cidade. Após o almoço/jantar hora de dormir.

Deixe seu Cometário

Natal – Fortaleza – Primeiro Dia

Category : Diário

Relato do dia:

Terça feira, dia 10 de Novembro, o dia que nos despedimos de Natal, as 6:00h da manhã toca o despertador, resta arrumar todas as coisas, nos despedir e cair na estrada, foi nosso último café da manhã com a família de Paulo, seu pai Eduardo, sua mãe Norma e irmã Renata. Acho que foi uma das despedidas mais difíceis, a forma de como fomos recebidos fez com que nos apegássemos bastante, mas tinha que continuar a viagem.

Nosso amigo Marcos Lemos, falou que iria nos acompanhar na saída de Natal, por volta das 7:00h ele tinha aparecido na casa de Paulo e nos ajudou a arrumar as últimas coisas. As 9:00h saímos, um pouco tarde mas é normal em todo inicio de viagem. Partimos do bairro capim macio em direção a via costeira que ainda não conhecíamos, a emoção toma conta em toda saída, muitas fotos e também agora filmando todos nos nossos pedais, rs!


Pouco mais de 15km já estávamos atravessando o município de Natal, pela ponte Newton Navarro, e entrando em Redinha, dali seguiríamos até a praia de Genipabu. No caminho um percurso muito bonito composto pelas dunas de areias claras do estado do Rio Grande do Norte, muito utilizada pelos buggeiros com os passeios turísticos, questionado por várias questões de impacto ambiental. Chegando na praia de Genipabu, nos despedimos de Marcos e daqui seguiria novamente eu e Danilo. Pegamos um pequeno trecho de praia para acessar a estrada que no levaria até a balsa do Rio Goiabeira, mais parecida com uma jangada movida a força humana. Ao chegar lá de imediato um rapaz que é guia turístico fala, “ei rapaz, eu vi vocês na televisão!”, caímos na gargalhada e perguntamos o que ele tinha achado e ficamos conversando com ele, tinha comentado que tinha visto um japonês que tava viajando de bicicleta e também um brasileiro que saíra de Aracaju, e havia passado a 5 dias atrás pelo mesmo lugar, ainda não descobrimos quem é esse.

Seguimos com a viagem, passamos pela praia de Pitangui e pouco mais a frente em um trevo viário sem querer saímos da rota, era para termos virado sentido praia de Jacumã, mas logo a frente perguntamos e retornamos, porém tivemos que pegar uma subida nada muito agradável. Passávamos novamente por um trecho de dunas de areias claras, parecia um deserto com o sol das 11:00h, a luz refletida pela areia era muito forte e ao mesmo tempo muito bonita.

Continuamos pedalando, mesmo com o sol forte, nós queríamos cobrir uma distância de 100km, a intenção era chegar em São Miguel do Gostoso. Mais a frente começou a dar fome e então resolvemos parar, nós estávamos na praia de Muriu, procuramos um local com sombra para poder fazer nosso almoço e encontramos uma pousada na beira da praia, lá estava sentado um rapaz e então eu fui perguntar para ele se tinha algum problema em sentarmos nas mesas que tinha na área externa para comer e descansar, ele falou que tudo bem, entramos com nossas bicicletas mega carregadas, despertando a curiosidade dele, perguntou de onde vínhamos, para onde íamos e assim começamos a conversar, seu nome é Junior, mora no Rio de Janeiro e estava hospedado com sua esposa naquela pousada. Ficamos um tempão conversando, trocando experiências e histórias, ainda comemos deliciosos pastéis que camarão que eles nos ofereceram.

Descansados e de barriga cheia, nos despedimos e seguimos viagem, chagamos no município de Maxaranguape, já estava bem no final do dia e ainda estávamos longe do destino pretendido. A estrada de barro não ajudava muito, então resolvemos ir para praia, a maré estava seca, permitia a pedalada e o vento está sempre a favor. Desfrutamos de um belo por do sol e continuamos o pedal até onde podia, passamos pelas praia de Carnaúbas, Maracajau, Zumbi e chegamos na praia de Rio do Fogo, já era noite, a visibilidade estava baixa então resolvemos parar, foram aproximadamente 80km, montamos o acampamento em um bar que tinha um chuveiro para tomar banho, jantamos e fomos dormir para continuar viagem no dia seguinte.

Veja todas as outras fotos do primeiro dia da viagem aqui.

Veja o roteiro do primeiro dia da viagem no google maps.