Vídeo Diário – Caminho dos Lençois

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Category : Diário

Esse é o vídeo diário da viagem trecho: Parnaíba a caminho dos Lençois Maranhenses, uma viagem de muito aprendizado e belezas. O contraste das belíssimas paisagens do estado do Maranhão com a sua situação econômica, política e educacional. Um estado que está esquecido e acomodado a essa situação.

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É legal ouvir o que tens a dizer e Ler também é muito bom, confira abaixo os relatos em texto desse trecho da viagem.

Caminho dos Lençois segundo dia – Simplicidade

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Category : Diário

Manhã de semana santa e dia também de seguir viagem, porém pela manhã era o momento de aproveitar o rio magu. Após uma limpeza na bicicleta eu, Argus e o Sr. Magno, pai de Leandro, fomos tomar um banho de rio, ficar vendo a vida passar e batendo aquele bom e velho papo. Dentre muitos, conversamos sobre morar ali, com inúmeras mangueiras (dos tipos: rosa, branca, espada…, ixi é muita manga) milho, mandioca, cajueiro, goiaba, com um lindo rio no quintal, praticamente particular e toda a mata que torna o clima agradável, dai me pergunto, desde quando isso é pobreza? Só por ter uma casa simples e não morar num centro urbano? São esses valores que nós precisamos conhecer, os não materiais.

Rio Magu

Depois de um bom tempo lá boiando e devaneando sobre a vida aparece Marciel, primo de Leandro, e nos convida para um role de canoa pelo rio, vamos nessa, primeira tentativa de subida na canoa, Argus tem a proeza de naufragar a dita cuja, rimos de se acabar e tiramos a água da canoa, segunda tentativa, balançou, balançou, mas não virou – lentamente vamos remando – me sinto um ribeirinho em meio a natureza, em um cenário fantástico, sob água quase que parada – levada somente por uma fraca e constante correnteza – de água límpida e transparente que nos permite ver a areia do fundo do rio, com a companhia da mais pura vegetação que encobre a maior parte do rio, que formam ilhas de plantas contorcionadas pelos belos braços do orgânicos do Sr. Magu – cheio de vida que sustenta outras centenas vidas de diferentes espécies – são esses momentos que me deixam mais próximo da natureza mãe, fonte de toda a vida e beleza pura e simples.

Paramos do outro lado para provar da manga branca, Marciel impressionava a cada arremesso para derrubar as mangas, é muita habilidade para uma pessoas de 16 anos, além do seu conhecimento de plantação, árvores e a vida no campo – se o coloca-se no meio da mata ele sobreviveria tranquilamente, saberia se alimentar, caçar e se prevenir de inúmeros perigos. O que lhe falta agora é ser lembrado e oferecer-lhe o acesso aos níveis de informações do mundo contemporâneo para que ele possa ter a escolha do caminho que deseja seguir, não é só o caso de Marciel, mas sim de inúmeras crianças e adolescentes do Brasil que muitas vezes são excluídos desses conteúdos.

Chegada a hora do almoço e também da despedida, começamos a arrumar a bicicleta, fizemos as fotos para guardarmos de lembrança e seguimos com uma bela de uma partida, crianças para todos os lados, muitos de cueca, sem medo de ser, simplesmente criança – com seus olhos bem abertos e curiosos a todas aquelas bicicletas cheias de bolsas, e pessoas com capacetes, mais parecendo astronautas do que seres humanos – são essas as impressões de ser cicloturista. Chegamos a beira da estrada e Marciel que nos acompanhou pedalando na bici de Argus solta uma frase “esse é o dia mais feliz da minha vida” – nos despedimos dele e voltamos a boa e velha casa, a estrada que nos guia, refletindo em como é bom proporcionar esses momentos as pessoas, de simples e pura felicidade – olhando para mim não vejo nada mais do que uma criança que é apaixonada pelo que faz e percebo como somos bobos em querer ser grande e querer coisas que muitas vezes não nos fazem realmente felizes, a vida é muito simples, a gente é que complica demais.

Saldo do dia, pouca pedalada (50km), poucas fotos e muita felicidade.
Espere para ver o vídeo em breve e não esquece de deixar o seu comentário é bom saber o que você acha.
Eternos agradecimentos a família de Leandro: Gorete e seu Esposo, Marciel, Conceição e Magno.

Caminho dos Lençois – Dia 1

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Category : Diário

No dia 31 de Abril eu preparei minha saída de Teresina, tive que pegar um ônibus para voltar pra Parnaíba, e deixar o plano de seguir por Esperantina, conhecer a cachoeira do urubu e outras cidades do interior do Piauí, pois tive conhecimento que Argus, do projeto pedalando e educando estava pelo nordeste. Eu entrei em contato e combinamos de viajar um trecho juntos, então tinha que estar lá no dia 01 de abril.

Despedi-me de Teresina, onde fiquei quase um mês, a cidade mais quente do Brasil até agora. Acostumar-se com o calor é muito difícil, inclusive para os Teresinenses, e olhe que eu não estava no tal período denominado de “BR ó BRO”, que são os meses que possuem a tal terminação, setembro, outubro e novembro, este é o período de clima quente, seco e de temperaturas elevadas. Confesso que tenho até medo desta época, mas agora sigo adiante e volto para o litoral, onde a brisa marítima chega e refresca o ambiente.

Durante a viagem tenho vivido diversas situações e a que senti mais claramente são as climáticas, por enquanto são situações de extremo calor devido ao verão e a região nordeste que aos poucos vou me afastando.

Lembranças

Deixo abraços e agradecimentos para Diego Pearce, Ricardo, Nayane Franquilin, Caliane Nery e família pelo apoio, Paula Fortes, Justine e Juscelino, Aracele Torres, Philipe, Marina, Francisco, o pessoal do Pedal Noturno, a Raquel Carvalho por todas as informações sobre a infraestrutura cicloviária da cidade, ao pessoal do Nós Podemos Piauí, e a Disraeli Rocha.

Nova Etapa

Agora começa mais uma nova etapa, saio de Parnaíba em direção ao Maranhão, dessa vez acompanhado por Leandro, que fará sua primeira cicloviagem e Argus Caruso, do Pedalando e Educando. Pegamos um trecho alternativo com estrada de terra, bem agradável e divertido pelas poças de lama formada pelas chuvas, são obstáculos imprevisíveis por não sabermos sua profundidade então as vezes atolávamos as bicicletas e os pés na lama.

Assim chegamos a fronteira do Piauí e do Maranhão, de imediato já notamos a precariedade do estado. A cidade na fronteira não possui água encanada, tão pouco apoio para nós compramos comida, só encontramos uma vendinha bem simples, compramos um bolo para prorrogarmos a fome do almoço. Nesse meio tempo uma senhora, aparentando ter 70 anos, apareceu e reforçou a falta de infraestrutura do lugar, Argus replicou que todos tem culpa por esta situação, por suas decisões nas eleições. O estado do Maranhão foi governado por José Sarney por 4 anos que pouco contribuiu para o desenvolvimento do estado, principalmente na Educação foi onde percebemos a maior deficiência. Sarney iniciou sua carreira política como suplente de deputado federal em 1950, sendo convocado posteriormente, após isso, foi senador, presidente e voltou ao senado, onde possui cargo até o final de 2010.

Nossa Política

Isso me faz refletir bastante sobre nossa política, que parece mais uma profissão no país, na qual quase todos vêem como uma oportunidade para fazer seu “pé de meia”. José Sarney está completando 50 anos em cargo público, sendo o mais antigo parlamentar no congresso, vivendo do nosso dinheiro, contribuindo pouquíssimo na qualidade social, e ainda pior, mostrando que a justiça eleitoral não tem a moral de punir suas ações escandalizadas no ano passado. Utiliza a mídia em beneficio próprio e elegeu sua filha, Roseana Sarney, a governadora do estado do Maranhão.

Segundo a Veja, “o resultado desse domínio é visível a olho nu: a família Sarney está milionária, mas o Maranhão lidera o ranking brasileiro de subdesenvolvimento.” Infelizmente, eu constatei esta triste realidade. É preciso encarar as eleições com muita seriedade, deixar de vê-la como uma competição, na qual se vota no candidato mais popular e que está na frente das pesquisas. Canso de ouvir das pessoas frases do tipo “mas ele(a) não vai ganhar mesmo”, se continuarmos pensando dessa forma quem perderá seremos nós. Outra ilusão é quando se vota em um candidato visando o beneficio próprio. Quem vota pensando desta maneira, na realidade só está beneficiando o candidato. Devemos pensar que o melhor beneficio próprio que poderíamos receber é aquele que beneficia a todos. Pois, se toda a comunidade melhora, consequentemente, cada um terá o seu próprio benefício. Se irá melhorar para todos, também irá melhorar para você! As eleições estão chegando e a responsabilidade está em nossas mãos!

Após o almoço seguimos pela estrada, e como era de se esperar, em péssimo estado de conservação até a cidade de Cana brava, lá ficamos com a família de Leandro, na casa de sua tia Gorete. Conhecemos o Rio Magu, muito belo e que ainda não foi contaminado pela poluição.

Saldo do dia: 80 quilometros de muito aprendizado e reflexão.