A BR-174 em Vídeo

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Category : Diário

Depois de ler os relatos da viagem de Manaus à Boa Vista via BR-174, confira agora em vídeo como foi a pedalada, as belezas encontradas e as dificuldade do trajeto.

Uma viagem de 780km pedalando pela Floresta Amazônica com transição para o lavrado no estado de Roraima. Foram um total de 9 dias de estrada, somado aos 7 dias que fiquei na cidade de Presidente Figueiredo para conhecer as belezas naturais da região. Ainda na viagem passei por uma grande dificuldade devido ao relevo bastante acidentado que provocou dores no joelho e me obrigou a ficar de repouso na Vila Jundiá por um dia e mais um dia na cidade de Rorainópolis. Confira no vídeo, compartilhe com seus amigos, e não esqueça de cadastrar seu e-mail para receber o diário de pedais.

Os 780km na BR-174 Amazônia

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Category : Diário

Segundo dia de pedalada, estava um ótimo dia para seguir viagem, a presença da floresta deixa as manhãs com um clima ameno e uma leve e bonita neblina no ar. Para continuar com as condições do início da viagem mais ladeiras pelo próximos 30 km, depois suavizadas. A medida que chega próximo ao meio dia o calor aumenta insuportavelmente, por volta das 11:00 AM encontro uma pequena mercearia – uma simples construção de madeira que no final de semana provavelmente vira um reduto de bêbados, as latas de cervejas jogadas nos arredores da casa denuncia, sorte a minha em passar em uma segunda-feira,  perfeito para me proteger do sol e de lambuja tomar um refrescante banho – depois de descansar pego meu kit de cozinha para então fazer meu almoço, o cardápio, macarrão instantâneo com ervilhas, em seguida ateio minha boa e velha rede e tenho um merecido descanso, um tanto desconfortável devido ao intenso calor ambiente.

Dou continuidade a viagem lá pelas 3:00 PM, a ladeiras são suaves mas as retas infinitas, de perder o horizonte, como um gigante funil de laterais formadas por lagos com os típicos buritis, palmeiras que compõe a floresta amazônica, a sua presença denuncia a presença de água aos redores, geralmente eles estão localizadas em regiões alagadiças. Compondo a flora, inúmeras araras sobrevoam a região, amarelas, vermelhas e fui feliz em ver um casal de arara azul, uma raridade, pois atualmente está extinção, é um verdadeiro zoológico natural, onde a fauna está em seu habitat livre das cinzentas grades quadriculadas – um fato interessante é que as araras são animais extremamente fieis ao seu companheiro(a), ao encontrar o seu par, nunca mais se separam – minha felicidade maior estava ao ver os tucanos de bico branco, uma espécie que eu nunca havia visto pessoalmente, discretos, eles ficam muito escondidos em meio a mata, é preciso presta muita atenção – nesse momento já é final de tarde, vou chegando aos 110 km de trajeto e a parada que antecede a reserva indígena Waimiri-Atroari, a tão comentada e questionada travessia – me alojo no ultimo restaurante da pequena vila, batizo-o de miss simpatia – o dono é um homem com seus 50 e tantos anos, mal humorado e rancoroso salvo por uma senhora de pele enrugada que denuncia sua elevada idade e experiência de vida, sempre me trata com um leve e simpático sorriso no rosto que me faz lembrar dos meus avós.

Terceiro dia, a ansiedade tomava conta do meu corpo, esse era o grande dia, as especulações e o medo das pessoas a respeito da reserva tornou-a ainda mais mística – ouvi de tudo, que os índios iam me comer, que se me pegassem tirando foto iam quebrar minha câmera, se parasse ia ter encrenca, um pouco de tudo, enfim, as 7:30 AM estava cruzando o portão de entrada – a paisagem exuberante da floresta preservada encanta, logo no início um grande lago espelhando o céu azul daquele bonito dia com inúmeras palmeiras e ao fundo grandes árvores competindo para quem topa mais alto compõe o visual. (conheça mais sobre a história da reserva)

São 126 km, sem poder parar muito, no início eu até ficava meio preocupado com longas paradas, mas por volta dos 60 km meu joelho voltou a doer, conseqüências do primeiro dia de pedal, e me forçaram a parar um tempo na estrada para descansar, era só metade do caminho, o que me preocupava bastante – o bom da parada no meio do nada me permitiu curtir a natureza selvagem – o trecho da reserva é extremamente preservado, o gigante organismo tenta retomar o que lhe foi roubado, em alguns trechos as árvores invadem a pista mostrando quem tem o poder – era também possível ver alguns macacos saltando de galho em galho, inúmeras borboletas e pássaros com seus vôos caprichosos.

Sigo a pedalada por mais 30 km e uma nova pausa, dentro da reserva ainda existem ladeiras que exige muito do corpo e o joelho sofre bastante com elas, já estava no limite, mas como não passava nenhum carro tinha que continuar pedalando chegando ao ponto de usar uma perna só. Cheguei aos 116 km e finalmente consegui uma carona para me deixar no final da reserva – um caminhão baú atendeu meu pedido de socorro, o motorista do Paraná e o seu parceiro da Bahia que fumava cigarro e tomava cachaça, eles transportavam adubo para uma pequena cidade de Roraima – era por volta das 4:00 PM quando cheguei na Vila Jundiá, o outro lado da reserva, uma pedalada de extremos, a beleza e magia da reserva somada ao calor e a dor do corpo. Decidi ficar 1 dia em Jundiá para descansar o corpo e especialmente o joelho.

Após um dia de descanso no restaurante/lanchonete do bigode que fica posto de gasolina de Jundiá sigo o pedal, logo de cara vejo uma das paisagens mais bonitas da viagem, um lago que mais parecia um espelho, refletindo os buritis e o céu azul, capaz de enganar a mente através da fotografia, mais a frente um bando macacos brincavam nas árvores adjacentes a avenida e também araras sobrevoavam o céus, uma viagem onde a observação da fauna é um prato cheio e a torna encantadora.

Em pouco tempo chego a linha do equador, pela primeira vez estou saindo do hemisfério sul para o hemisfério norte, uma pena o local estar completamente destruído, todo pichado e mal conservado o Governo de Roraima parece não investir muito no turismo do estado, falta muita coisa. Voltando a estrada, mais a frente encontro um casal de franceses que também viajavam de bicicleta, com bikes muito simples e um trailer acoplado a uma delas que pesava uma “tonelada”, quando você acha que esta fazendo uma loucura, na estrada muitas vezes encontramos pessoas mais loucas que nós, viajando de formas surpreendentes, isso revela para mim que para fazer cicloturismo basta vontade não importa ter equipamentos top de linha e ultra modernos, eles podem ajudar é claro, mas não são obrigatórios, o que importa mesmo é o querer.

No quilômetro 60 do dia chego a Vila do Equador, depois dela, a 48 km tem a Vila Nova Colina, essa parte da estrada tem a pavimentação muito ruim e quando passam carros e caminhões levanta muita poeira, desde a reserva a estrada possui essas condições, a diferença vai ser só na densidade da floresta, em Roraima o desmatamento é muito alto, e quase sempre as margens da BR 174 possui grandes áreas destruídas, triste de se ver logo depois de cruzar a reserva indígena, um contraste assombroso – a paisagem é de um descampado com vestígios de queimadas que deixaram somente a base do tronco das árvores, um assassinato a floresta que até hoje ainda sofre com a ganância do ser humano pelo dinheiro, o valor da madeira é muito alto e a fiscalização é ineficiente em meio as dimensões da floresta.

Quinto dia, pedal leve, saio da Vila Nova Colina em direção a Rorainópolis a 40 km de distância, decidi ficar um dia de repouso para me alimentar melhor e recuperar as energias no conforto de um quarto e uma cama, fiquei em uma pousada baratinha que custou R$ 35,00 por 2 pernoites. Rorainópolis é a segunda maior cidade depois de Boa Vista, um tanto desorganizada com problemas de saneamento básico e moto pra todo lado, a motorização das cidades do interior são cada vez mais rápidas.

Domingo, 01 de Agosto, as 5:00 AM já estou na ainda escura estrada, sem sinal do sol e a medida que ele vai aparecendo é possível ver a neblina sob a floresta, que da forma aos raios solares que percorrem entre as árvores, o silêncio só é quebrado pelos cantar do acordar dos pássaros, a temperatura amena da manhã deixa o clima muito agradável – o dia será longo, o plano é pedalar aproximados 160 km até a cidade de Caracaraí, bem próximo de Boa Vista, 130 km, é o penúltimo dia de viagem.

Chego na chamada bola do 500, faço um lanche pois daqui pra frente, pelos próximos 80 km, não existe nenhum apoio e tinha que puxar o pedal. A medida que a hora vai passando o calor também vai aumentando – as infinitas retas são grandes armadilhas psicológicas, olha-se para frente e o infinito da estrada parece não levar a lugar nenhum – a floresta amazônica está bem ao fundo, o desmatamento e a transição da vegetação para o lavrado diminui consideravelmente sua densidade e torna o clima seco, me fazendo implorar por uma chuva.

Pedalei 120 km, a manhã inteira e o início da tarde, até as 1:00 PM quando finalmente encontrei um apoio em um restaurante de beira de estrada, refeição reforçada e descanso merecido para  agüentar mais 40 km e chegar no destino planejado, Caracaraí. No meio da tarde volto a estrada com a tão desejada chuva, que cai fina e alivia o calor da estrada, em pouco tempo estou atravessando a ponte que cruza o Rio Branco e chego ao ponto final, o dia foi muito longo e analisando calmamente pareceu uma eternidade.

Sétimo e último dia de viagem, já estou no lavrado, a estrada que me leva à Boa Vista é nova e perfeita para pedalar, por outro lado o movimento de veículos também é um pouco maior – os grandes campos é a paisagem principal com algumas montanhas espaçadas e pontuais ao fundo, o relevo é praticamente plano com a maior parte das subidas leves. A animação da chegada é enorme, aconteceram muitas coisas até chegar aqui, as infinitas ladeiras da saída de Manaus, cachoeiras de Pres. Figueiredo, reserva indígena, dores no joelho, a abundante fauna da Amazônia entre outros, foram 7 dias emocionantes que só foram possíveis viver em cima de uma bicicleta, pedalando lentamente e desfrutando do mínimos detalhes. Agora chegada a hora de descansar e depois seguir para a próxima etapa, ir para a Venezuela e conquistar o Monte Roraima.

O Caminho de Manaus

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02/06/2010 – Quarta-feira, dia da partida de Santarém em busca de mais um estado brasileiro, o décimo, Amazonas, o qual possui a maior parte da floresta amazônica, é dele grande parte da origem do nome Amazônia, uma palavra que o coração pulsa forte ao ouvir-la.

Sem nenhuma noção palpável do que me esperava, seguia lentamente contra a corrente do rio amazonas à Manaus, com um detalhe diferente do trecho Belém – Santarém, o barco que viajava era muito menor e a tripulação parecia triplicada, as redes se intercalavam surpreendentemente, lado a lado formavam uma bonita composição de cores e formas que racionalizavam e aproveitavam ao máximo o espaço – à noite quando todos estavam deitados pareciam mais casulos de lagartas – mover-se bruscamente é perigoso devido ao risco de chutar a cabeça do vizinho e vice-versa.

Ao contrário do dia e do que pensava a noite é fria – da floresta saem ventos frios que gelam a madrugada, sem saco de dormir, o que me salvava era o edredom que carregava comigo, no entanto abaixo de mim, não havia qualquer proteção e os ventos gélidos desconfortavam um tanto à noite – pior ainda era quando as necessidades fisiológicas surgiam, sair da rede além de ser trabalhoso significava abandonar o aconchego caliente do edredom, descer e subir escadas, tarefa difícil.

AmbulantesAssim como o primeiro trecho, a viagem é encantadora, as belezas da floresta surpreendem por sua magnitude, os tons de verdes são infinitos e precisam de atenção para diferenciá-los – o único problema é falta de consciência dos passageiros, mesmo com a grande quantidade de lixeiros pelo barco as pessoas ainda jogam seu lixo no chão, da noite para o dia o barco vira um verdadeiro lixão – pior ainda é quando o lixo é atirado barco afora, destaque para os copos descartáveis, são os principais, me pergunto o que custa “adotar” um copo por toda a viagem – os hábitos são hereditários, crianças e adolescentes seguem os (não) princípios dos pais – em um dos dias da viagem, estava fotografando e também observando um garoto de seus 15 anos tomando refrigerante, já havia flagrado ele jogando copos no rio e esperava que não o fizesse novamente, ilusão a minha, assim que ele arremessa o copo no rio impulsivamente eu dou uma bronca nele, envergonhado o menino abaixa a cabeça e vai pro seu canto se esconder, espero que sirva de lição e nunca mais volte a fazer isso, as cidades e a natureza agradece.

Na viagem eu pude passar pela cidade de Parintins, onde acontece no último fim de semana de Junho o Festival Folclórico de Parintins, uma festa cultural do estado do Amazonas – a beleza dele se dá pela peculiaridade do ritmo chamado de toada acompanhado pelas letras das músicas, que remetem a cultura amazonense, mitos e cultura indígena – além disso a paixão que os amazonenses tem pelo evento é de se encantar e nos dá orgulho de ser brasileiro.

Após dois dias e meio de viagem, Manaus dá as boas vindas, o encontro dos rios Amazonas e Negro anuncia a chegada, outra coisa que não esperava também despertava a atenção e  alerta, uma fumaça cinza acima da cidade, me lembra o céu poluído de São Paulo e outras grandes cidades – havia me iludido pelo nome Amazônia, definitivamente ela não impede que Manaus seja poluída. Desembarcado sigo para casa de Isadora e sua mãe Ivanilde que irão me receber nesses primeiros dias na capital do amazonas.

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Navegando pelo Amazonas

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19/05/2010 – Depois da trilha do mangustão ainda tive pouco mais de duas semanas na bela Belém, nesse período fiquei na casa de Ivan Lopes, um irmão e grande amigo que ganhei no Pará, um cara simples e de coração gigante, fico muito agradecido por sua companhia e hospitalidade. Além dele ganhei mais dois casais como amigos, Gustavo e Gabi e Romero e Jô, me proporcionaram noites de muitas risadas, jogando Wii, saindo a noite para conhecer Belém, tudo isso só dificultou ainda mais a minha partida da cidade, eu me apego muito fácil as pessoas e nas despedidas sempre ficam o sentimento de saudade.

Belém foi uma explosão de encontro de boas pessoas, uma cidade em que guardo um carinho enorme e ótimas lembranças sou eternamente grato a Ivan Lopes, Romero, Jô, Gustavo, Gabi, Fábio Talui, Elisa, Murillo, Sérgio, Leon, Suzanne, Carol, Marquinhos, João, Carlinhos, Guilherme, Aninha, Paulinha, Velasco, Gabriel, Cidália, Cidalinha e toda a galera “pai d’égua” do Couch Surfing que conheci.

Era chegada a hora do embarque, com a passagem comprada a poucos dias atrás com um cambista tive a maior dor de cabeça e quase que não consigo embarcar, o bilhete que havia comprado não era para aquele porto e não tinha mais tempo para ir até o outro, já estava em cima da hora, além de que me falaram que a estrada até lá era perigosa. Liguei para o infeliz e ele já não estava mais nas docas, um outro cambista veio falar comigo, ofereci então R$ 20,00 para ele fazer a troca da passagem, já que no guichê não tinha essa possibilidade, a passagem para Santarém no final me custou R$ 120,00 e um aprendizado, nunca compre bilhete com cambista, as vezes você quer ajudar mas só vai ter raiva com tanta desonestidade.

Passada toda a agonia do embarque no navio agora era só relaxar em minha rede e assistir o rio passar na companhia do “Pelos Caminhos de Nuestra América” – livro do Rafael Limaverde, desde Fortaleza que venho carregando ele e não conseguia terminar de ler, mas finalmente esse era o momento perfeito, meus segundo seriam exclusivos para leitura e reflexão da viagem, já são 9 meses fora de casa em uma viagem de bicicleta. A cada página que vou lendo do livro de Rafael consigo me ver em diversos momentos, a cada palavra percebo como pensamos de forma semelhante a respeito de uma viagem de bicicleta.

Viagem dos Sentidos

A bicicleta te dá a possibilidade  de sentir um local mais do que qualquer outro tipo de transporte. Cada local tem um perfume, cheiro de fumo brabo, às vezes a farinha torrando. Algumas vezes é catinga de carniça, outra é o perfume das senhoras na parada de ônibus indo pra missa. Sentir os cheiros do Mundo.

O silencio da bicicleta faz também você ouvir os sons da natureza, das maquinas agrícolas, do choro do menino, das risadas e dos murmurinhos.

O olhar também é mágico. Os 14 segundos  que você passa pedalando pela frente de uma casa à beira da estrada já te dá uma idéia de como eles vivem. Como as constroem, como cozinham,  o que fazem, como trabalham e como descansam. Como as crianças brincam, as brigas, os amores… A pouca velocidade faz você perceber todos esses detalhes e melhor é que não interfere na sua rotina a não ser aqueles poucos segundos que eles param para te olhar. Na verdade, viajar de bicicleta é uma troca de “perceberes”. (Rafael Limaverde)

Dessa forma vão passando as horas, as vezes lendo, as vezes fotografando ou observando as pequenas vilas ribeirinhas de onde saem crianças e mulheres em pequenas canoas e barcos pedindo doação às pessoas – me pergunto sobre o que eles realmente precisam e não consigo achar uma resposta, fato é que é triste ver várias crianças pedindo enquanto na verdade deveriam estar brincando ou estudando – a outra situação são das crianças em uma pequena canoa, remando em sincronia e rapidamente na direção do navio para vender as frutas, são os ambulantes ribeirinhos – quando chegam próximo a lateral, com muita destreza lançam um gancho ao pneu de proteção do navio atracando-se, mais parecem boiadeiros, a velocidade do navio exige uma grande habilidade para evitar a perda do controle da canoa, enquanto um controla a direção dela o outro aos poucos puxa a corda para ancorar-se ao navio, tudo acontece muito rápido, feito isso eles colocam os baldes na cabeça e saem vendendo frutas diversas e camarão seco – deve ter cuidado também com os furtos, qualquer vacilo eles atiram-se junto com as mochilas rio abaixo restando somente a roupa do corpo pois provavelmente o barco não fará nada para recuperar os pertences.

      

A viagem é muito gostosa e poderia ser melhor se o barco tivesse maior qualidade, o sol na Amazônia não alivia e próximo do meio dia o calor é intenso, mesmo na sombra, fato é que o barco não possui nenhuma proteção, esquentando a lataria dele transmitindo o calor para dentro dos ambientes – banho de hora em hora, chego a tomar 6 banhos por dia para aliviar o calor – a comida é extremamente limitada, variedade não existe a opção é uma só – a trilha sonora na verdade é uma tortura aos ouvidos – uma pena esse serviço ser de mal qualidade, pois poderia ser uma forte vertente para o turismo e geração de emprego e renda – o navio que estava a bordo se chamava Rondônia.

Penúltimo dia de viagem, era uma tarde muito quente, eu estava a fotografar as belas paisagens do amazonas quando ouso um grito de socorro dentro do barco, olho para trás, um senhor com seus 81 anos estava desacordado e sua filha desesperada pedia ajuda, corro para tentar ajudar, por 10 segundos me sinto completamente incapaz de fazer alguma coisa, não movia um músculo até quando percebi que tinha que retira-lo para um lugar mais arejado, eu e mais 3 rapazes conseguimos mudá-lo de espaço ele re-acordou e então levamos ele para a enfermaria, infelizmente o Sr. Francisco não resistiu, o barco não possuía os equipamentos necessários para primeiros socorros como também não haviam pessoas capazes da fazer um atendimento de emergência, a única enfermeira presente estava mais perdida do que todo mundo, definitivamente uma fatalidade que poderia ter sido evitada caso o proprietário do navio tivesse o mínimo respeito pelos seus clientes e as fiscalização cobrasse deles.

Chego a Santarém com um sentimento estranho, de questionamento, pensando no sentido da vida, como as vezes deixamos escapá-la e/ou perdemos tempo com coisas supérfluas, guardando rancores antigos e não perdoando aqueles de qual gostamos e temos certa afinidade. A vida é pra ser vivida de forma que nos faça feliz, ajudando sempre o próximo com solidariedade e humildade, respeitando o meio em que vivemos garantindo a sustentabilidade seja ela qual for.

Veja o album completo da viagem aqui.

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Na Estrada #1

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Category : Diário

Caros seguidores, o site entrará em pausa agora pelos próximos 10 dias. Nesta segunda-feira, dia 19 de julho, sigo em direção a Boa Vista. Serão aproximadamente 740km pedalando pela Floresta Amazônica com transição para o cerrado nas proximidades do estado de Roraima.


Teatro Amazonas

Saindo de Manaus farei uma parada em Presidente Figueiredo para conhecer as famosas cachoeiras e trilhas da região, a Pousada Nossa Casa irá me receber por lá. Após esses dias sigo em direção ao portão de entrada da reserva Waimiri-Atroari, onde é proibida a circulação pela noite. O terceiro dia inteiro será cruzando toda a reserva, por volta de 126km, dentro dela tem a divisa do estado do Amazonas e Roraima, a parada será em Jundiá. No quarto dia cruzarei a linha do equador, entrando no hemisfério norte pela primeira vez, tentarei chegar até Rorainópolis, uma pedalada puxada de 160km. Quinto dia tentarei chegar o mais próximo da cidade de Caracaraí uma distância de aproximados 155km. Sexto dia pararei em Mucajaí e a depender da animação posso esticar para Boa Vista, mas pretendo fazer esse roteiro em 7 dias para não forçar demais.

Dessa vez a preparação está bem maior no quesito alimento, me preparei bastante e carrego um pouco mais de peso por conta disso, nada que atrapalhe demais. O meu único medo é que minha suspensão não agüente a viagem, ela está com problemas e é a maior preocupação.

Aguarde que em breve terá atualizações com os relatos de Belém, com as trilhas que fiz no Pará com o pessoal da EART e loja Top Bike Belém, tem também a viagem e os dias que passei em Santarém, Alter do Chão e Belterra, Manaus e esta viagem pela Amazônia.