Manhã de semana santa e dia também de seguir viagem, porém pela manhã era o momento de aproveitar o rio magu. Após uma limpeza na bicicleta eu, Argus e o Sr. Magno, pai de Leandro, fomos tomar um banho de rio, ficar vendo a vida passar e batendo aquele bom e velho papo. Dentre muitos, conversamos sobre morar ali, com inúmeras mangueiras (dos tipos: rosa, branca, espada…, ixi é muita manga) milho, mandioca, cajueiro, goiaba, com um lindo rio no quintal, praticamente particular e toda a mata que torna o clima agradável, dai me pergunto, desde quando isso é pobreza? Só por ter uma casa simples e não morar num centro urbano? São esses valores que nós precisamos conhecer, os não materiais.
Rio Magu
Depois de um bom tempo lá boiando e devaneando sobre a vida aparece Marciel, primo de Leandro, e nos convida para um role de canoa pelo rio, vamos nessa, primeira tentativa de subida na canoa, Argus tem a proeza de naufragar a dita cuja, rimos de se acabar e tiramos a água da canoa, segunda tentativa, balançou, balançou, mas não virou – lentamente vamos remando – me sinto um ribeirinho em meio a natureza, em um cenário fantástico, sob água quase que parada – levada somente por uma fraca e constante correnteza – de água límpida e transparente que nos permite ver a areia do fundo do rio, com a companhia da mais pura vegetação que encobre a maior parte do rio, que formam ilhas de plantas contorcionadas pelos belos braços do orgânicos do Sr. Magu – cheio de vida que sustenta outras centenas vidas de diferentes espécies – são esses momentos que me deixam mais próximo da natureza mãe, fonte de toda a vida e beleza pura e simples.
Paramos do outro lado para provar da manga branca, Marciel impressionava a cada arremesso para derrubar as mangas, é muita habilidade para uma pessoas de 16 anos, além do seu conhecimento de plantação, árvores e a vida no campo – se o coloca-se no meio da mata ele sobreviveria tranquilamente, saberia se alimentar, caçar e se prevenir de inúmeros perigos. O que lhe falta agora é ser lembrado e oferecer-lhe o acesso aos níveis de informações do mundo contemporâneo para que ele possa ter a escolha do caminho que deseja seguir, não é só o caso de Marciel, mas sim de inúmeras crianças e adolescentes do Brasil que muitas vezes são excluídos desses conteúdos.
Chegada a hora do almoço e também da despedida, começamos a arrumar a bicicleta, fizemos as fotos para guardarmos de lembrança e seguimos com uma bela de uma partida, crianças para todos os lados, muitos de cueca, sem medo de ser, simplesmente criança – com seus olhos bem abertos e curiosos a todas aquelas bicicletas cheias de bolsas, e pessoas com capacetes, mais parecendo astronautas do que seres humanos – são essas as impressões de ser cicloturista. Chegamos a beira da estrada e Marciel que nos acompanhou pedalando na bici de Argus solta uma frase “esse é o dia mais feliz da minha vida” – nos despedimos dele e voltamos a boa e velha casa, a estrada que nos guia, refletindo em como é bom proporcionar esses momentos as pessoas, de simples e pura felicidade – olhando para mim não vejo nada mais do que uma criança que é apaixonada pelo que faz e percebo como somos bobos em querer ser grande e querer coisas que muitas vezes não nos fazem realmente felizes, a vida é muito simples, a gente é que complica demais.
Saldo do dia, pouca pedalada (50km), poucas fotos e muita felicidade.
Espere para ver o vídeo em breve e não esquece de deixar o seu comentário é bom saber o que você acha.
Eternos agradecimentos a família de Leandro: Gorete e seu Esposo, Marciel, Conceição e Magno.
“Somos bobos em querer ser grande e querer coisas que muitas vezes não nos fazem realmente felizes, a vida é muito simples, a gente é que complica demais”.
Já tá lendo pensamento? Ontem eu publiquei algo do tipo no meu blog: “Os homens investem tanto dinheiro e tempo querendo ‘voltar’ a lua, a clonar o homem e ao retardar a velhice, que chegam ao estopim da insensibilidade. Eles deveriam gastar energia em descobrir como retardar o fim infancia ou mesmo a descobrir uma vacina capaz de nos fazer voltar a acreditar nos nossos sonhos de criança. Tempo em que as ruas do bairro nos bastavam, que o carinho realmente era sincero, que os doces não faziam mal pro coração e que subir numa arvore fazia de nós quase um super heroi. Mas não. Eles não tem tempo pra isso. Afinal de contas, quem liga pra sonhos de criança?”
Quer um dica: aproveite todos os sorrisos da sua viagem, principalmente os das crianças.
Conseguiu me emocionar. Parabens!
Feliz em saber que vc já aprendeu a valorizar o que é simples em tão tenra idade. Muitos só descobrem o valor da simplicidade quando já não tem mais forças para desfrutar o que realmente nos eleva como ser humano. Parabéns pelo post, meu caro!
Fala Felipe,
Muito bacana o site, o projeto e lógico o estilo de vida que vc vive, foi o que eu escolhi tb.
Não temos idéia do poder que temos de tocar a vida dos outros. Na estrada muitas vezes vc recebe carinho, comida, ou um: “Esse foi o melhor dia da minha vida” sem fazer esforço algum. Parece que encontrou a fórmula mágica da vida, um porção mágica de “humildade”.
Bacana demais ver as coisas fluindo pra vc. Rico são as pessoas que são felizes com pouco e vc é uma delas.
Sua experiência com o Argus deve ter sido massa demais tb!
Seria doido se pudéssemos nos encontrar pelo caminho…vamos estudar nossas rotas depois!
Se tiver algo que possamos fazer por vc, conte conosco.
Parabéns e força no pedal!
Abraços,
Caseh Werner